27 dezembro 2007

NOVA LEI DO TABACO


É já no próximo dia 1 de Janeiro que entra em vigor a Lei 37/2007, que estipula as normas
para a protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e implementa medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo. Estabelece os locais onde é aplicável a proibição de fumar, as excepções previstas, os modelos de sinalização e as condições de produção, rotulagem e comercialização dos produtos do tabaco. Para consultar o diploma clique aqui.


De salientar que, genericamente, é proibido o consumo de tabaco em locais públicos fechados. No capítulo das excepções estabelece-se (artigo 5º) que o proprietário de um estabelecimento “pode optar por estabelecer a permissão de fumar desde que obedeças aos requisitos mencionados nas alíneas a) b) e c) do nº anterior.”
Ou seja, pode ser permitido fumar em áreas expressamente previstas para o efeito, desde que obedeçam aos seguintes requisitos:

a) Estejam devidamente sinalizadas, com afixação de dísticos em locais visíveis, nos termos do disposto no artigo 6º;
b) Sejam separados fisicamente das restantes instalações, ou disponham de dispositivo de ventilação, ou qualquer outro, desde que autónomo, que evite que o fumo se espanda às áreas contíguas;
c) Seja garantida a ventilação directa para o exterior através de sistema de extracção de ar que proteja dos efeitos do fumo os trabalhadores e os clientes não fumadores.


Dísticos


1-Os dísticos de sinalização ( artigo 6º) interditando ou condicionando o fumo deverão ter fundo vermelho e ser conformes ao modelo que publicamos, sendo o traço, incluindo a legenda e a cruz, a branco e com as dimensões mínimas de 160mmx55mm. Deve conter na parte inferior uma legenda com o número da Lei e o montante da coima máxima aplicável aos fumadores que violem a proibição de fumar (750 Euros).

2- As áreas onde é permitido fumar são identificadas mediante afixação de dísticos com fundo azul e com as restantes características anteriormente mencionadas e conforme ao modelo que publicamos. Os dísticos deverão ter na parte inferior uma legenda com o número da lei.

3- Todos os dísticos deverão ser colocados de forma a serem visíveis a partir do exterior dos estabelecimentos.


26 dezembro 2007

ESCLARECIMENTO SOBRE A ASAE

O gabinete do Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor distribuiu um comunicado sobre a ASAE que aqui reproduzimos:


"Nas últimas semanas têm proliferado nos meios de comunicação social diversos artigos de opinião que visam denegrir e até ridicularizar a actividade da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), tendo mesmo surgido uma petição anónima que, via Internet, se insurge contra determinadas acções de fiscalização que, ou não foram realizadas, ou ocorreram dentro de contornos que não correspondem ao que tem sido veiculado.

À luz da legislação existente e tendo em conta o que tem sido, de facto, a acção da ASAE, entende-se ser do interesse dos consumidores esclarecer algumas questões.


Bolas de Berlim - A acção de fiscalização da ASAE relativamente às bolas de Berlim incidiu sobre o seu processo de fabrico e não sobre a sua comercialização na praia. O que a ASAE detectou foram situações de fabrico desses bolos situações sem quaisquer condições de higiene e com óleos saturados e impróprios para consumo. As consequências para a saúde humana do consumo destes óleos são sobejamente conhecidas. Em Portugal existem regras para os operadores das empresas do sector alimentar, que têm de estar devidamente licenciadas. Assim, todos bolos comercializados devem ser provenientes de um estabelecimento aprovado para a actividade desenvolvida. Quanto à sua venda nas praias, o que a legislação determina é que esses produtos devem estar protegidos de qualquer forma de contaminação. Se as bolas de Berlim forem produzidas num estabelecimento devidamente licenciado e comercializadas de forma a que esteja garantida a sua não contaminação ou deterioração podem ser vendidas na praia sem qualquer problema

Utilização de colheres de pau – Não existe qualquer proibição à sua utilização desde que estas se encontrem em perfeito estado de conservação. A legislação determina que os utensílios em contacto com os alimentos devem ser fabricados com materiais adequados e mantidos em bom estado de conservação, de modo a minimizar qualquer risco de contaminação. Por isso, os inspectores da ASAE aconselham os operadores a optarem pela utilização de utensílios de plástico ou silicone.

Copos de plástico para café ou outras medidas – Não existe qualquer diploma legal, nacional ou comunitário, que imponha restrições nesta questão. O tipo de utensílios a disponibilizar nas esplanadas dos estabelecimentos de restauração ou bebidas é da inteira responsabilidade do operador económico, sendo válida qualquer opção que respeite os princípios gerais a que devem obedecer os materiais e objectos destinados a entrar em contacto com os alimentos.

Venda de castanhas assadas em papel de jornal ou impresso – A ASAE não efectuou qualquer acção junto de vendedores ambulantes que comercializam este produto nem nunca se pronunciou sobre esta questão. No entanto, desde o decreto-lei que regulamenta o exercício da venda ambulante, refere que na embalagem ou acondicionamento de produtos alimentares só pode ser usado papel ou outro material que ainda não tenha sido utilizado e que não contenha desenhos, pinturas ou dizeres impressos ou escritos na parte interior.

Faca de cor diferente para cada género alimentício – Em todas as fases da produção, transformação e distribuição, os alimentos devem ser protegidos de qualquer contaminação que os possa tornar impróprios para consumo humano, perigosos para a saúde ou contaminados. Não sendo requisito legal, é uma boa prática a utilização de facas de cor diferente, pois esse procedimento auxilia a prevenção da ocorrência de contaminações cruzadas. Mas se o operador cumprir um correcto programa de higienização dos equipamentos e utensílios, entre as diferentes operações, as facas ou outros utensílios poderão ser todos da mesma cor.

Azeite em galheteiro – O azeite posto à disposição do consumidor final, como tempero, nos estabelecimentos de restauração, deve ser embalado em embalagens munidas com sistema de abertura que perca a sua integridade após a sua utilização e que não sejam passíveis de reutilização, ou que disponham de um sistema de protecção que não permita a sua reutilização após o esgotamento do conteúdo original referenciado no rótulo.

Bolo rei com brinde – É permitida a comercialização de géneros alimentícios com mistura indirecta de brindes, desde que este se distinga claramente do alimento pela sua cor, tamanho, consistência e apresentação, ou seja concebido de forma a que não cause riscos, no acto do manuseamento ou ingestão, à saúde ou segurança do consumidor, nomeadamente asfixia, envenenamento, perfuração ou obstrução do aparelho digestivo.

Guardar pão para fazer açorda ou aproveitar sobras para confeccionar outros alimentos – Não existe requisito legal que impeça esta prática, desde que para consumo exclusivo do estabelecimento e, desde que o operador garanta que os alimentos que irá aproveitar estiveram protegidos de qualquer contaminação que os possa tornar impróprios para consumo humano.

Géneros alimentícios provenientes de produção primária própria – Os Regulamentos não se aplicam ao fornecimento directo pelo produtor, de pequenas quantidades de produtos de produção primária ao consumidor final ou ao comércio a retalho local que fornece directamente o consumidor final.
Não obstante esta regra de exclusão, os referidos regulamentos estabelecem que cada Estado-Membro deve estabelecer regras que regulem as actividades e quantidades de produtos a serem fornecidas. Até à data não foi publicado o instrumento legal que concretize esta disposição.

Refeições não confeccionadas no próprio estabelecimento – O fabrico das refeições, num estabelecimento de restauração é uma actividade que se enquadra como actividade de restauração, estando sujeita às imposições do regime legal para o seu exercício. As refeições distribuídas num estabelecimento de restauração deverão ser produzidas no próprio restaurante, mas. caso não seja possível, estas deverão ser provenientes de um estabelecimento devidamente autorizado para o efeito, designadamente estabelecimento com actividade de catering. Nestes termos, não poderão as referidas refeições ser provenientes do domicílio do proprietário do restaurante ou de um estabelecimento que careça de autorização para a actividade que desenvolve.

Venda particular de bolos, rissóis e outros alimentos confeccionados em casa – O fabrico de produtos alimentares para venda é uma actividade que se enquadra como actividade industrial, estando sujeita às imposições do regime legal para o seu exercício, pelo que a venda destes produtos em local não licenciado para o efeito não é permitida. Para os estabelecimentos onde se efectuam operações de manipulação, preparação e transformação de produtos de origem animal, onde se incluem os rissóis e empadas, é necessária a atribuição de número de controlo veterinário, a atribuir pela Direcção-Geral de Veterinária.

Licenciamento da actividade artesanal – O estatuto de artesão é reconhecido através da emissão do título “Carta de Artesão”, sendo que a atribuição da mesma, supõe que o exercício da actividade artesanal, no caso vertente da produção e preparação e preparação artesanal de bens alimentares, se processe em local devidamente licenciado para o efeito e que o artesão cumpra com as normas relativas à higiene, segurança e qualidade alimentar. Existem dois aspectos fundamentais: a obrigatoriedade de licenciamento dos locais onde são produzidos os bens alimentares e o cumprimento das normas aplicáveis em matéria de higiene e segurança alimentar.

Com este esclarecimento fica claro que os alegados abusos a que se referem esses artigos de opinião e a petição nada têm a ver com a real prática da ASAE. A actividade de fiscalização tem-se pautado pela transparência e pelo estrito cumprimento da legislação existente."

19 dezembro 2007

GUIA DO BAIRRO EM DISTRIBUIÇÃO


Já está em distribuição o Guia Convida sobre o Bairro Alto (nº8, de Novembro a Maio). Desta edição destaca-se um texto de Catarina Portas que, gostosamente, aqui reproduzimos:



Da noite para o dia
TEXTO CATARINA PORTAS


Dos muitos bairros de Lisboa, só um não precisa de nome: “o Bairro” é o Bairro Alto.
Sem requerer mais apresentações ou nomes de família porque não há quem o confunda. seja dia ou sobretudo noite. Pois de noite, este é um dos mais populares estribilhos noctívagos da cidade: “Vamos ao Bairro?”

Quando começa a cair a noite, como noutros bairros, fecham-se algumas portas de lojas ou cafés. Mas neste, são muito mais as que se abrem. As luzes acendem-se como lanternas marcando o trajecto, distingue-se a música que angaria a clientela, gente agitada que se aventura ruelas adentro, pronta para o que vier e estiver a dar. Nas vésperas de fim-de-semana, esquinas há onde todos se acotovelam e é preciso saber esgueirar-se cordatamente para conseguir passagem. E se a noite do Bairro é hoje assim, intensamente democrática, explosão de gente e algazarra, tendo alterado definitivamente a vida e o lugar, isso acontece porque uma noite, já lá vão 25 anos, tudo começou a mudar.
A primeira noite de todas as outras noites que se seguiram em data. Foi a 15 de Junho de 1982, numa esquina da Rua da Atalaia, que abriu as portas o Frágil. Recuperando o espaço que albergara antes uma padaria e a tasca conhecida como “da Gaivota” (porque tinha mesmo uma gaivota residente, presa por um cordel a uma das mesas), mantinha os azulejos originais mas acrescentava-lhe colunas douradas e uma antiga cortina de veludo pintada, que outrora decorara o restaurante da Torre Eiffel. De porta fechada, só entrava quem passasse pelo crivo da porteira carismática. Artistas, intelectuais, personagens e amigos fizeram do bar, que tinha então mais do clube que de discoteca, a sua sala de estar. Entre festas, concertos e decorações, a revolução desses anos pós-revolução era agora outra: a da modernidade.
O bairro que acolhia o Frágil já tinha tradição noctívaga. Vários eram os jornais que aqui residiam e noite fora faziam ressoar as máquinas de imprimir. E muitas eram as tascas e as tabernas, entremeadas com retiros de fado mais ou menos turísticos e mais ou menos duvidosos — como as meninas pelas esquinas aliás. Tudo isto convivia alegremente com outra nova geração, oriunda do vizinho Conservatório e dos seus cursos de Teatro, Cinema, Música e Dança. Na quadrícula de ruas do bairro, a invasão moderna já começara a marcar território, com o restaurante Pap’açorda, a loja e editora Cliché, a loja de objectos da Atalaia, a Galeria Leo, mais tarde o Casanostra. Mas foi a porta discricionária e eclética do Frágil que, como um íman, provocou as atenções e as tensões. Durante a década de 80, muitos outros bares tentaram alcançar-lhe a fama e cativar-lhe a clientela, como Os Três Pastorinhos, o Targus, o Sudoeste ou o Nova. Em 1987, os Rádio Macau celebraram este bairro cada vez mais cosmopolita em o “Elevador da Glória” e foi um hit:”Duma existência banal/Até às luzes da Ribalta/Há dois carris de metal/Desde a Baixa à vida alta.” E em 1989, Jorge Palma Lamentava-se:
“Adorava estar in/Mas estou-me a sentir out/ Frágil/ Sinto-me Frágil’. Finalmente em 1992, os Enapá 2000 caricaturavam as ambições de todos em “Baum”:‘Eu quero ir ao Frágil sexta-feira/Eu quero ser amigo de porteira /Eu quero vir na capa das revistas/Quero andar nos copos com os artistas’… Apesar da concorrência o Frágil permanecia singular e imbatível.



Aos aventurosos, excitantes e exclusivos anos 80, seguiu-se a década de 90, menos elitista, muito mais oferecida. Os bares de shots popularizaram-se e a cerveja em copo de plástico começou a chegar à rua E a mais gente. Os horários alargaram-se, as faunas também. Chegaram as tribos com os seus respectivos espaços, fossem góticos, mods, punks ou gays. Marcadamente alternativos, a galeria ZDB muito mais do que uma galeria, com ateliers e sala de espectáculos ocupou um belo prédio, e a especial e especializada livraria Ler Devagar instalou-se mais acima junto à rua da Rosa, num recanto sossegado. E aumentaram as mesas, abrindo muitos restaurantes, de comida exótica ou apenas pretensões in. Quando, em 1997, Manuel Reis vendeu o apertado Frágil para alargar espaço e rasgar horizontes criando o Lux, em Santa Apolónia, muita coisa mudara. Lisboa descobria a noite e o Bairro Alto as avalanches. Hoje passa pelo bairro toda a gente e cada um tem o seu poiso. O casario castiço do bairro possui espaços pequenos, assim os bares passaram a ser balcões e a rua a sua sala. A Capela, o Maria Caxuxa, o Mah Jong, o Bedroom, o Purex, a esquina do Side e do Sétimo Céu são destinos para públicos diversificados que entre encontros e desencontros, percorre o labiríntico bairro seja em bandos juvenis ou com propósitos mais individualistas.
E, surpresa, o bairro passou também a ter dia. Nos últimos anos, um novo comércio aventurou-se no Bairro. Novo, alternativo, especializado: mercearias que agora são gourmet ou bio, lojas de música, de sportswear, de roupa vintage, de acessórios fashion. Ou cabeleireiros, craft shops, embaixadas Lomo, galerias, e lojas do gadgets neo-turisticos. E, claro, muitas delas prolongam os seus horários de abertura até mais tarde do que no resto da cidade – pois este continua a ser o bairro da noite, apesar de ter mudado da noite para o dia.

17 dezembro 2007

SEMSIM PARTY


Para comemorar o sexto aniversário a Loja Semsim (Rua da Atalaia 34) leva a efeito uma festa na próxima quarta-feira, dia 19, pelas 23 horas, na discoteca Europa , ao Cais do Sodré.

13 dezembro 2007

FELIZ NATAL!


O almoço de confraternização realizado ontem foi um momento raro e feliz, que se prolongou para lá das quatro horas da tarde. Raro porque apesar de trabalharmos, por vezes porta com porta, não temos a tradição de nos encontrarmos para, partilhando momentos informais, nos conhecermos melhor. Ou, tão simplesmente, nos conhecermos.
Feliz porque foi bem mais do que um simples almoço, foi uma oportunidade para trocarmos ideias, opiniões, experiências. Mas que esta observação não tire mérito à cozinha e serviço da Cocheira Alentejana. Do bacalhau aos supremos, passando pela broa, sem esquecer a essencial questão das azeitonas, é bom que se diga que ali ainda há uma cozinha portuguesa. E que, nestes tempos de “normalização” e "internacionalização", isso sirva como elogio e distinção. Mas não se trata de fazer qualquer crítica gastronómica, é apenas uma forma de agradecer o gesto de gentileza e solidariedade do nosso anfitrião, Floriano Moreira, que a todos ofereceu o repasto. Muito obrigado!

11 dezembro 2007

O BAIRRO DAS COMPRAS

Há mais no Bairro Alto do que vida nocturna. Descubra no vídeo, aqui. É uma reportagem do “Portugal Diário” assinada por Cláudia Lima da Costa.

“É no Bairro Alto que a irreverência de Lisboa ganha corpo. Conhecido pela intensa actividade nocturna é também cada vez mais um ponto de comércio. Roupas, objectos de outras épocas, tasquinhas e casas de fado fazem do Bairro Alto «a cidade que nunca dorme».
A manhã do Bairro ainda pertence à terceira idade. Os habitantes ainda resistentes aproveitam as primeiras horas do dia para dar vida ao comércio tradicional que ainda subsiste. «O negócio já esteve melhor. Os idosos são a maioria dos clientes, mas temos todos os tipos, desde estrangeiros e malta nova», conta ao PortugalDiário, Fernando Aparício, proprietário de uma pequena mercearia.
«Acho que a tendência é para melhorar. Se as pessoas tiverem um bocadinho de consciência e não forem aos supermercados grandes». O comércio alternativo que caracteriza as ruelas do Bairro Alto veio apimentar o movimento das pequenas lojas tradicionais. «Veio dar muita vida. Principalmente à noite», constata Fernando Aparício.
É ao início da tarde que as características do mítico bairro da capital começam a surgir. As lojas de roupa alternativa, de roupa dos anos 60, 70 ou 80 ou mesmo de roupa mexicana abrem portas para receber os clientes mais cosmopolitas de Lisboa.
Ponto obrigatório de turismo é no Bairro que a criatividade, a vanguarda e o espírito noctívago saem à rua, ainda que durante o dia. Os cibercafés marcam presença e são passagem obrigatória para os muitos turistas que procuram contactar os locais de origem.
O comércio alternativo do Bairro está no «local certo». «Acho que o Bairro Alto é o local indicado para este conceito. É um conceito alternativo e acho que estamos na rua e no local indicado», afirma ao PortugalDiário Sónia Júlia, empregada numa loja de roupa.
Os horários de abertura, a decoração, público a que se destinam e a localização parecem ser um casamento perfeito. «As pessoas aproveitam para vir ao bairro para jantar. Antes ou após o jantar vão às lojas dar uma vista de olhos», adianta Sónia Júlia.
Sol posto, Bairro em Alta. É sempre assim. Seja domingo ou segunda-feira. As ruas de calçada portuguesa enchem-se de todos os tipos de gente. Sós, acompanhados, tristes, alegres. O Bairro tem um canto para todos.”


in http://www.portugaldiario.iol.pt/

09 dezembro 2007

VIDEOVIGILÂNCIA: OS PRIMEIROS PASSOS

As questões da segurança dominam as preocupações de moradores, comerciantes e frequentadores do Bairro Alto. Especialmente agora que as esquinas são invadidas por grupos vendendo drogas, falsas ou verdadeiras pouco interessa. O que é indesmentível é que somos obrigados a conviver com o incitamento ao uso de estupefacientes, apesar de isso ser crime punível com pena de prisão.

Tendo como mote esta e outras questões, a direcção da ACBA, representada por Belino Costa, Vítor Castro, João Gonzalez, Helena Aires, Maria João Bernardo e João Pedro, esteve, no passado dia 5, reunida com os Agentes Fonte e Nery da 3ª Esquadra (na foto). A eles se deve o nascimento de um projecto visando a instalação de um sistema de videovigilância no Bairro Alto e era necessário ouvi-los, trocar ideias, discutir o assunto. Dávamos assim resposta a um pedido expresso, feito em reunião pública realizada no Clube Rio de Janeiro, no passado Verão.
Em assembleia muito concorrida, tendo na mesa o subchefe Amaral e os agentes Batista, Ferreira, Fonte e Nery da PSP, acompanhados pelos três elementos do executivo da Junta de Freguesia da Encarnação liderado por Alexandra Figueira, foi lançado um repto à Associação de Comerciantes para que reactivasse a actividade a fim de poder dar apoio e incrementar um projecto de videovigilância para o Bairro Alto.
Tendo em conta essa reunião e tudo o que ali se disse, faria todo o sentido que a Junta de Freguesia também estivesse presente neste segundo encontro. A direcção da ACBA tudo fez para que tal tivesse acontecido, mas depois de esperar, durante três semanas, que a Junta de Freguesia marcasse a reunião, depois de verificar que a Sra. Presidente não atende o telefone nem responde às mensagens que recebe, concluiu que não podia continuar à espera, até por ser prática comum em Portugal mudar de discurso e alterar as prioridades consoante se está no poder ou na oposição…

VIDEOVIGILÂNCIA AUTORIZADA NO PORTO

Um dia depois da reunião do passado dia 5 com os Agentes Fonte e Nery, e por sugestão destes, uma representação da ACBA esteve reunida com uma empresa especializada nas questões de videovigilância, tendo ficado agendado um novo encontro para o próximo mês de Janeiro.
Com as ideias e informações daqueles que conhecem bem o Bairro e a colaboração de técnicos especializados começaremos por fazer o levantamento de todas as questões que permitirão elaborar e apresentar um projecto de videovigilância para o Bairro Alto. Justifica-se dar prioridade absoluta a este projecto, até porque a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNDP) aprovou o projecto de videovigilância para a Ribeira, no Porto, como noticia, hoje, o “Diário de Notícias”:

“O Ministério da Administração Interna vai emitir amanhã o despacho que autoriza a instalação na ribeira do Porto de um sistema de videovigilância. Para o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Zona Histórica do Porto, a notícia "foi uma boa prenda de Natal". António Fonseca comentava, assim, a aprovação do sistema de videovigilância, um projecto inédito que, antevê, deverá ser extensivo a outras áreas da cidade e do País.
Após lamentar o facto do projecto ter estado oito meses na Secretaria de Estado da Administração Interna, António Fonseca elogiou a celeridade da Comissão Nacional de Protecção de Dados "que se pronunciou em apenas um mês".A iniciativa, esclareceu, é abrangente e favorecerá moradores e comerciantes, podendo abrir caminho a projectos análogos. Até porque, sublinhou o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Zona Histórica do Porto, a videovigilância "vai desencorajar o crime”.

06 dezembro 2007

ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO

Na próxima quarta-feira, dia 12, por iniciativa da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, realiza-se, pelas 13 horas, um almoço convívio no Restaurante “Cocheira Alentejana”, na Travessa do Poço da Cidade, nº19.

Todos os interessados em participar podem inscrever-se no local do evento (telf: 21 346 48 68) ou através do e-mail da ACBA.

ASSOCIAÇÃO ABRAÇO RELEMBRA O BAIRRO ALTO


Para assinalar 15 anos de actividade a Associação Abraço realiza no próximo fim-de-semana, no Casino Lisboa, duas iniciativas. No sábado, a partir da meia-noite e meia, a festa tem por lema “ Remember Bairro Alto “ e conta com a participação de Tó Ricciardi, Antony Millard e Puppetry. No domingo, pelas 20h30, terá lugar o Jantar de Gala que será seguido de um leilão de beneficência.

Também a cooperativa cultural “Crew Hassan” realiza a terceira edição do “Natal Social” entre 19 e 24 de Dezembro.

03 dezembro 2007

FARTAR A MEMÓRIA

Por Francisco José Viegas

Parece uma manhã tranquila e é. Mas, ao meio-dia e meio, se não fosse estarem abertas as portas de muitas lojas e de muitos restaurantes, dir-se-ia que era manhã bem cedo. 0 Bairro Alto já não tem “o bulício de outrora”, pelo menos a esta hora. Para mim é Inverno, digam o que disserem: sinto o primeiro frio do ano, verdadeiramente, quando subo do Cais do Sodré para o Largo de Camões e, daí, procuro a Rua das Gáveas e, depois, a Rua do Norte. Os adolescentes da noite anterior deixaram o bairro de madrugada, entregue a depredação, mas há lugares castiços que resistem.

Pepe Carvalho, o de Vázquez Montalbán, sentiria isso na sua Barcelona, percorrendo as velhas ruas dos mercados e todo o Bairro Gótico — mas aqui não vejo grande sinal de limpeza. Lisboa continua relativamente suja e a pergunta faz sentido: Lisboa está suja porque não a limpam ou porque os lisboetas a sujam? Ao contrário de Carvalho, não tenho a nostalgia dos velhos bairros, nem dos velhos vícios, nem dos velhos cheiros, nem das coisas que terminam. Terminam e pronto, chegam ao fim. Velhas tabernas são substituídas por restaurantes chinfrins ou por bons restaurantes, oficinas de reparação de móveis são tomadas por lojas de roupa em segunda mão, por lojas de discos, por ‘lounges’ (tudo é ‘lounge’, desde a música à sala de estar e aos bares minimais), mas não se me aguça a nostalgia. Há, simplesmente, coisas que acabam. Procuro as que sobrevivem, como um pesquisador que vem à velha cidade com as memórias dos outros. Por exemplo, a de José Saramago – que neste restaurante negociou com Fernando Meirelles o essencial do filme ‘Ensaio sobre a Cegueira’, enquanto comiam bacalhau à Braz e bacalhau no forno com pimento e azeitonas. E a de José Cardoso Pires, que neste restaurante apreciava as “costeletas de sardinha”; tempos antes de morrer, numa noite de felicidade, esteve aqui o mágico criador de ‘0 Delfirn’ e de ‘Alexandra Alpha’, até depois das quatro da manhã, festejando a vida que iria marcar-lhe um termo de identidade e residência. Enquanto escolho os pratos, mostram-me (com um gesto de grande ternura por José Cardoso Pires) o autógrafo do escritor, a sua letra e o desenho que gostava de praticar. Recordo um jantar tardio com ele: os vinhos, a inteligência, a malandrice, o desprezo pela literatice, o prazer das coisas substantivas, essenciais, humaníssimas. A sala é pequena mas acolhedora, e o Farta-Brutos colecciona, nas suas paredes, memórias dos seus amigos. É a sua família. A do Tavares Pobre. Honremo-la. É a sua família.


Gosto de restaurantes que têm a sua família, os clientes que reservam a sua garrafa, que são informados sobre a ementa do dia seguinte, que tratam o Sr. Ramiro por Ramiro e que deixam o jornal sobre a mesa quando se vão embora. Primeiro, vem um queijo gratinado no forno; há ali um excesso de ervas, e eu ganhei um cansaço pelos orégãos – mas a proposta é generosa, e o pão é saboroso. Pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, filetes de polvo, arroz de pato, um cabrito no forno, rojões, arroz de marisco, iscas e cabidela, coelho frito com açorda. Vamos nisso, como nos fadinhos de Hermínia: vamos nisso. Primeiro, as costeletas de sardinha, em homenagem a José Cardoso Pires: os filetes foram temperados com limão, panados suavemente, fritos no ponto – e acompanhados de arroz de tomate, que está bom e não é, como hoje em dia, ou devorado pela massa de polpa de tomate, ou pontilhado de pedaços de tomate que não quis desintegrar-se. Não: é um bom arroz de tomate, feito com tomate, para ser comido às garfadinhas. Segue-se, na ordem de chegada, um prato excêntrico: coelho frito. Bem frito e bem temperado, e bem cortado, enlaçado com a travessinha de açorda, que vai bem e merece aplauso. Hoje em dia, há uma crise nos acompanhamentos, com arroz de grelos sem grelos, açorda que passa por ser pão embebido em água fervente, batata cozida que parece arrancada ao caldeirão, pingando. Finalmente, só por pudor não ataco os papos d’anjo, que vêm num carrinho onde há leite-creme e arroz doce, cousas fatais para o cronista. 0 café soube a café neste princípio de tarde luminoso de Inverno (é Inverno, já disse). Até o Bairro Alto melhorou quando saio e encontro a luz de Novembro.
In “Notícias de Sábado”, 1 de Dezembro de 2007

19 novembro 2007

O ESTADO DAS COISAS

Na sua edição do passado fim de semana a revista Tabu, que integra a edição do SOL , publica uma reportagem sobre o Bairro Alto, de que reproduzimos algumas das passagens mais significativas. Sem comentários.



Chegamos cedo e com uma pergunta: são estas ruas estreitas e escuras um sítio perigoso para sair à noite? Um inquérito rápido e informal oferece-nos uma perspectiva interessante. Pegamos numa amostra de cinco entrevistados, à porta da “ginjinha” na Rua das Gáveas. Aplicamos a pergunta: “ Já tiveste algum stress no Bairro?”. A categoria “sim” soma quatro respostas. O único que responde “não”acrescenta um mas. “Mas conheço alguém que…” diz André, técnico informático de 27 anos. Alguém que: a) ficou sem carteira; b) ficou sem telemóvel; c) ficou sem maço de tabaco; d) todas as anteriores. Quem não foi vítima de delitos menores facilmente nos conta relatos na terceira pessoa do singular: “O meu primo ficou sem o telemóvel quando estava a ir para o carro”, completa André. (…) E a Polícia? ”Fazer queixa para quê. Eles vão-se mexer por causa de um telemóvel?” pergunta António,19 anos, de braços abertos e um Nokia novo a menos desde que foi surpreendido por quatro mitras (miúdo de bairro problemático) no final de uma noite. A resignação – intervalada com alguma indignação de última hora – parece ser a melhor atitude a tomar.
Nas primeiras horas da noite é difícil encontrar polícia a patrulhar as ruas do Bairro Alto. (…)

Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente

Quem conhece o Bairro (do mais assíduo ao cliente esporádico) sabe que esquina sim esquina não, há quem insista em sussurrar “haxixe-ganza-coca” como se fosse uma palavra só, num dialecto apenas destinado a ser percebido pelos interessados em comprar. Toda a gente sabe o que fazem e por onde param. São os dealers, os vendedores de droga, os ciganos - rótulo que se vulgarizou com o uso e é hoje mais um problema lexical do que xenofobia, já que nem todos os “comerciantes” partilham da etnia.
Conseguimos ganhar a confiança de um deles depois de garantir anonimato e virar a objectiva da máquina fotográfica 180º. Contou-nos, sem nunca tirara os olhos das quatro ruas que controla, que a sua presença é ali tolerada pela Polícia. Ele e os colegas acumulam à venda outra função: uma espécie de vigilância: “ A gente aqui não deixa que roubem. Era mau para o nosso negócio.” Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente. Conhecem-se os nomes, as caras. Uns e outros cruzam-se, trocam olhares e seguem caminho.

Esta situação de “paz conveniente” não deixa nada satisfeito Belino Costa, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto. Os dealers encabeçam a lista de queixas do dono da loja de bebidas Ulitro, “esses grupos começaram a ocupar as esquinas do bairro e a oferecer produtos ilegais de forma agressiva”. Pior, só mesmo a “impunidade” com que o fazem, tudo porque “a Polícia diz que aquilo que eles vendem não é droga”. Levamos essa suspeita até ao “nosso” dealer que responde com um lacónico “depende”. Se se conseguir a confiança junto de do vendedor então as hipóteses de se fazer um bom negócio aumentam. Garantida a intimidade, fica garantida a qualidade. (…)

É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí


Um hipotético guia de sobrevivência do Bairro Alto aconselharia a alguns cuidados básicos. Se nos mantivermos entre as ruas da Rosa e da Misericórdia, subindo apenas até à Travessa da Queimada, não devemos encontrar problemas de maior: “ É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí”. O conselho informal (não é uma ordem) vem de um dos polícias da patrulha numa noite de sábado. “ Daí para cima é que costuma haver mais confusão”. O Mercado do Bairro Alto é o ponto de referência para os traficantes de esquina. (…) Assaltos acontecem mas é o regresso a casa que regista o maior número de casos. Ruas como a do Alecrim, Calçada do Combro, ou o próprio Chiado podem esconder problemas. “São grupos dos bairros problemáticos que, juntos, podem arranjar chatices. Mas são situações de ocasião.”



Relatos de assaltos no bairro têm em comum quatro factores: a rua escura, pouco movimentada, o adiantado da hora., a presença de grupos vindos de bairros problemáticos de Lisboa e o azar. Não era preciso assistir a um para explicar como funciona. Estávamos avisados, mas por acaso (ou distracção) demos por nós numa dessas situações. Às 3h30 no final da rua das Mercês – quase em cima da Travessa da Queimada – três indivíduos aproximam-se a pedir um cigarro. Depois de ignorados, o pedido aumenta em veemência e quantidade: “Dá-me dois, três, quatro. Dá-me o maço”. A pose era de confronto, mas o porte, (não deviam ter mais de 16 anos) não impunha o respeito suficiente. O mais empenhado acabou mesmo por levar um empurrão e os três seguiram rua abaixo entre ameaças e palavrões. Passou o susto sem quaisquer danos a assinalar, mas recuperamos as palavras do polícia de giro: “São indivíduos que actuam em grupo, às vezes para se afirmar. No meio da confusão podem sacar de uma navalha.”

Luís Miranda
Revista Tabu, ( páginas 42 a 48) jornal” SOL”, edição de 17 de Novembro de 2007

14 novembro 2007

PROFISSÕES


Alfredo Oliveira, quase 60 anos de actividade como cortador, na Rua Diário de Notícias nº 45.

09 novembro 2007

EM COBRANÇA A QUOTA DE 2008

Estiveram reunidos, no passado dia 7, os órgãos sociais da ACBA. Presentes na reunião Vítor Castro, Helena Aires, João Gonzalez e Belino Costa, tendo faltado Raul Diniz, Maria João Bernardo, Ricardo Pinho, João Pedro e Rafael Fonseca.

As questões em volta da insegurança e a preparação da próxima reunião com as forças policiais (a ser convocada pela Junta da Freguesia da Encarnação) foram a temática central do encontro, onde se discutiu também a necessidade de se alterarem alguns pontos dos estatutos da ACBA, nomeadamente no que diz à duração dos mandatos, por se entender que os actuais cinco anos são excessivos, e à criação da figura de "suplente" nos órgão associativos.

Foi ainda decidido colocar desde já à cobrança a quota de 25 Euros referente à anuidade de 2008. Todos os sócios inscritos, assim como aqueles que queiram aderir à associação, poderão desde já regularizar a situação relativa ao próximo ano. O que poderá ser feito nos seguintes estabelecimentos comerciais:

Lena Aires, Rua da Atalaia 96, das 14h00 às 19h00.
Ulitro, Rua da Barroca 116, das 12H00 às 19h00.
Foto Zignio, Rua da Misericórdia 23, das 9h00 às 19h00.

Solicita-se a colaboração de todos. E no acto de pagamento da quota anual não se esqueçam de pedir o respectivo recibo.

06 novembro 2007

EM DEFESA DA VIDEOVIGILÂNCIA

Uma representação da ACBA, constituída por Belino Costa, João Gonzalez e Raul Dinis, esteve ontem reunida com o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação, liderado por Maria Alexandre Figueira. As questões relativas à recolha do lixo e à (in)segurança dominaram a ordem de trabalhos.
Tendo-se verificado existir alguma confusão quanto aos horários da recolha dos lixos concluiu-se que será útil mandar imprimir e divulgar um folheto com os horários de recolha actualmente em vigor. A Associação comprometeu-se a divulgar junto dos comerciantes esses horários, sensibilizando-os ainda para os procedimentos mais adequados à separação do vidro e papel.
As questões envolvendo a insegurança do bairro que semanalmente é visitado por largos milhares de pessoas e a consequente necessidade de um policiamento eficaz estiveram depois em debate, no que houve convergência de pontos de vista, nomeadamente quanto à possibilidade de instalação de um sistema de videovigilância. Neste sentido ACBA e e o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação decidiram juntar esforços, estando prevista uma futura reunião com as autoridades policiais no sentido de se estudar e debater a viabilidade de um sistema de videovigilância, que ajude a tornar o Bairro Alto numa zona mais segura para todos, habitantes, comerciantes e visitantes.
Aqui iremos dando conta da evolução desta e de outras iniciativas.

01 novembro 2007

PELO REGRESSO DO 24


“Numa época em que grande parte das cidades mundiais repensa a utilização de meios de transporte tornando-os amigos do ambiente, e restringe a sobre-utilização de automóveis nos seus centros antigos, achamos que é altura de se discutir, seriamente, a (re)introdução de linhas de eléctrico em Lisboa, não apenas por questões ambientais mas também, conjunturais, dadas as restrições económicas e por as linhas de eléctrico serem bastante menos dispendiosas do que qualquer outra alternativa.

Se se tivesse mantido a rede de eléctricos que existia em Lisboa, modernizando-a em vez de a destruir, muitos dos problemas de poluição, mobilidade, trânsito e saturação das nossas artérias estariam resolvidos. É paradoxal querer agora apostar-se no metro de superfície, etc., quando Lisboa já dispôs de uma rede de eléctricos bastante eficiente e abrangente... há quase 100 anos.”
Começa assim a missiva enviada pelo Fórum Cidadania LX ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e ao Presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, onde se defende a reabertura da Linha 24, troço Carmo -Campolide (1ª fase) e Cais do Sodré -Campolide (2ª fase) e a criação de uma nova linha ligando a Av. Uruguai à Gare do Oriente. Neste sentido está disponível uma petição on-line, que poderá ser subscrita por todos os interessados: 'Lisboa precisa da carreira de eléctrico nº 24. Por favor, reabram-na! '( http://www.gopetition.com/online/14510.html).

Escreve ainda o Fórum Cidadania: “Contamos com o apoio expresso de várias instituições do eixo Cais dos Sodré-Rato, como por ex. Associação dos Comerciantes do Bairro Alto, Liga dos Amigos do Jardim Botânico, e o apoio, a título individual, de Vítor Costa, da Associação de Turismo de Lisboa. Também o Centro Nacional de Cultura manifestou a sua solidariedade.

Na expectativa de uma Lisboa mais moderna, amiga do ambiente e dos cidadãos, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos."

Paulo Ferrero, Hugo de Oliveira, Nuno Santos Silva, André Santos, Nuno Caiado, Fernando Jorge e Nuno Valença

29 outubro 2007

PEDRAS E PEDRADAS


A situação não é nova mas começa a assumir proporções preocupantes. As pedras e os paralelepípedos que se vão soltando das calçadas, ou que vão sobrando dos arranjos (sempre que algum buraco é arranjado sobram pedras que são diligentemente encostadas à parede mais próxima), estão espalhadas um pouco por toda a parte, havendo em algumas esquinas pequenos montes que não param de crescer.
É mais uma contribuição para o desmazelo do bairro, mas que encerra uma componente perigosa. É que pedras e paralelepípedos podem ser utilizadas como armas de arremesso. Por enquanto ainda não se deu qualquer batalha campal, apesar de alguns estabelecimentos já terem visto o seu interior apedrejado por aqueles que, perante o alheamento das autoridades, quase diariamente espalham o terror. A actual situação de violência já é muito grave, mas com tanta pedra espalhada por ruas e travessas pode tornar-se calamitosa.
O alerta aqui fica. Antes que seja tarde!

18 outubro 2007

TRÂNSITO CONDICIONADO: É TEMPO DE AVALIAÇÃO

Um artigo, possivelmente com origem na Lusa já que foi publicado em vários jornais, veio levantar de novo a questão do condicionamento de trânsito no Bairro Alto e outros bairros históricos. Aqui o reproduzimos parcialmente, aproveitando para referir que subscrevemos as palavras da Presidente da Junta da Encarnação. Também esta Associação considera ser fundamental que se faça uma avaliação da medida e se identifiquem os principais problemas.

É fundamental que se renove a oferta de lugares de estacionamento para moradores e comerciantes.
É fundamental que o actual regulamento da EMEL seja revisto em alguns pontos. São muitos os comerciantes com queixas, nomeadamente os que, dada a natureza da sua actividade, utilizam veículos na distribuição dos produtos que comercializam. O levantamento dessas queixas é necessário, para que “uma boa medida” não acabe por liquidar empresas e a dinâmica comercial da zona.
É fundamental acabar com o excesso de burocracia. Exemplo: Para alterar uma matrícula na Via Verde basta uma carta, mas para fazer o mesmo na EMEL já é necessário repetir todo o processo burocrático inicial e apresentar um novo role de fotocópias.
É fundamental que os funcionários que controlam as entradas tenham formação e saibam gerir as situações que se lhes deparam, descendo do pedestal em que, por vezes, se colocam. Exemplo: Familiares de um morador chegam pela manhã de domingo a uma das entradas do bairro. Pelo monitor são informados que o acesso está reservado a moradores. Explicam que estão de visita a familiares, que trazem alguns presentes na bagageira e no banco traseiro uma senhora cansada. Mas nem a rogos conseguem que lhes seja facultada a entrada. Fará isto sentido? Será a letra do regulamento um Dogma?
Muitos são os exemplos e seria bom que os responsáveis da EMEL não fizessem ouvidos moucos. E quem fala em EMEL diz Câmara Municipal de Lisboa, que é quem tem a responsabilidade política, tanto pela medida como pela sua execução.

Condicionamento ao trânsito nos bairros históricos continua a gerar polémica


“O condicionamento do trânsito nos bairros históricos de Lisboa, medida tomada em 2002, continua a gerar contestação por parte de moradores e comerciantes, mas a EMEL pretende manter a iniciativa

Em Dezembro de 2002, o Bairro Alto torna-se a primeira zona histórica, de Lisboa, a ver algumas das suas ruas com trânsito condicionado, seguindo-se os bairros de Alfama (Agosto 2003), as zonas da Bica e de Santa Catarina (Maio de 2004), e a freguesia do Castelo (Setembro de 2006).Cinco anos depois, Maria Figueira, presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, no Bairro Alto, considera que a medida de condicionamento «podia ser mais positiva», e que é «muito urgente fazer uma avaliação da mesma, junto dos moradores e comerciantes».Aponta «dificuldades de comunicação com a EMEL» nos pontos de entrada na freguesia, e exemplifica que se um morador pretender descarregar compras em sua casa, já depois das horas de autorização, o controlador da EMEL não o deixa entrar na área condicionada.Quanto aos lugares de estacionamento, disponíveis para os moradores na Encarnação, cita que «não são suficientes», e adianta que só existem na freguesia lugares para um terço dos moradores.A solução passa, defendem, por uma melhor comunicação entre os moradores e comerciantes do bairro e a EMEL. Dulce Galhardo, 29 anos, é moradora e comerciante na zona da Bica (Bairro Alto), e lamenta «condicionar a sua vida aos horários da EMEL», referindo ainda que a «atribuição de lugares nalguns parques exteriores é feita por sorteio».«Quando fecharam não nos perguntaram nada», frisa Paulo Ribeiro, comerciante de 43 anos na Rua da Atalaia, também no Bairro Alto.Já para António Mestre, 50 anos, igualmente comerciante do bairro, o local «está melhor do que antes», e «o único inconveniente é os carros de apoio ao comércio não poderem entrar depois da hora limite».Vítor Manuel, 53 anos, é lacónico: «É da pior ordinarice que houve». Para este morador e dono de um café, «o comércio está a morrer» no bairro, apontando o dedo à EMEL.
A notícia pode ser lida na íntegra aqui.

14 outubro 2007

FIM-DE-SEMANA ALUCINANTE

Na noite de sexta -feira a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) usou de grande aparato para inspeccionar alguns estabelecimentos do bairro que, no sábado, foi literalmente cercado pela PSP. Ana Mafalda Inácio, no “Diário de Notícias”, descreve a operação policial:

15 detenções e mais de 20 mil euros em coimas.

Madrugada de sábado. Bairro Alto à pinha. Jovens de copo na mão enchiam as ruas. Alguns, já de caminhar torcido, denunciavam os excessos cometidos. A noite corria "fixe", admitiam. A temperatura amena ajudava. E nada fazia esperar um controlo policial, muito menos no bairro. "Não me lembro de haver aqui stops. Eles (polícias) andam a mudar de sítios", diziam. Na rua, três oficiais, cinco chefes e 42 agentes de várias esquadras da Divisão de Trânsito da PSP. Ao todo, 50 homens, 15 veículos ligeiros, 12 motos e uma carrinha transformada em posto móvel, onde estava instalado o Sistema de Contra-Ordenação de Trânsito (SCOT), com o cadastro do condutor. Às 02.00 a operação estava no terreno. Cinco postos controlavam várias saídas do Bairro Alto - Cais do Sodré, Chiado, Príncipe Real, São Mamede e Praça da Alegria/Restauradores. Resultado: 160 viaturas fiscalizadas, 15 detenções, 12 por álcool e três por condução ilegal, seis avisos de apresentação, sete viaturas sem inspecção, duas sem luzes, uma com vidros fumados e uma desobediência (fuga), o que pode dar mais de 20 mil euros em coimas, sem contar com as custas de tribunal. No entanto, e segundo o responsável da operação, subcomissário João Pinheiro, o balanço está longe de recordes de outros tempos (68 detenções em 2003).
"Continua-se a apanhar muito álcool, mas menos pessoas. O ideal seria não apanhar ninguém, por haver consciência dos riscos que se corre", comentou. Dos 160 testes, 114 deram negativos, até 0.50g/l. Os positivos chegaram a atingir 2.02 g/l. Alguns dos valores máximos eram de mulheres (1.80 g/l), o que dá pena de prisão até um ano. Há quem defenda: "Hoje são as melhores clientes" do balão. Não há carro que seja "perdoado". Ana, 20 anos, foi barrada no Cais do Sodré, quando levava a casa uma amiga que fazia 23 anos e se sentia mal disposta. "Nunca tinha sido parada. Bebi quatro copos de vinho, acusou 0.79g/l, mas sinto-me bem. Tenho que pagar 250 euros. Não queria era ficar sem carta". O grupo de amigas reagia: "Olhe, sabe o que isto é? Uma palhaçada. Eu quero um polícia na rua quando sou assaltada e não há. Mas para a caça à multa é vê-los aos montes". O subcomissário Pinheiro sabe ser esta a imagem dos cidadãos, mas acredita que a punição pode servir de emenda.
João, na faixa etária dos 30, não esquece a última noite do B.leza, em Junho. Ia para casa de moto e foi parado na Avenida 24 de Julho. "O teste deu 1.46. Chocou-me saber que era um crime. Sentia-me bem. Não imaginava que o valor fosse elevado. Fui a tribunal, paguei cem euros e cumpri 40 horas semanais de trabalho comunitário. Nunca mais!". Agora, é a namorada que guia. Fez o teste e nada acusou. Na zona do Chiado, havia quem tentasse escapar ao controlo pela Rua Vítor Cordon, mas sem sorte. Na zona, estava um dos postos, duas viaturas e seis agentes, um deles mulher, a quem cabia a função mais pedagógica, verificar inspecções, seguros, coletes, triângulos e cintos dos bancos traseiros. Em minutos, encostaram dois Mercedes e um BMW, conduzidos por gente jovem. Um médico dizia não ter receio do teste, mas acusou 1.24 g/l.Na Rua da Escola Politécnica, a subcomissária Angelina informava que tudo corria dentro da ordem. Até às 03.00, apenas duas detenções e uma infracção por falta de inspecção. Junto dos agentes, Alexandre, 21 anos, pede para fazer o teste. "Bebi e quero saber se estou em condições de conduzir", disse. Alexandre não revelou valores acima dos 0.50, podia seguir. A atitude repetiu-se em vários postos.
No Largo da Misericórdia, onde foi instalado um posto só da esquadra de motos, um dos agentes tentava adivinhar as taxas de condutores que se ofereceram voluntariamente para fazer a triagem. Quase sempre acertou. O ambiente era animado e aliviava a operação. Nem sempre é assim, mas "às vezes, apanha-se gente engraçada", admitiam os agentes. O posto dos Restauradores foi o que teve mais sucesso: cinco detenções, quatro por álcool e uma por condução ilegal. Registou-se aqui a taxa mais elevada. Um jovem com 2.02, que amanhã será presente a tribunal também por desobediência. Após o teste, pediu para ir ao carro buscar fazer uma chamada. Acabou por fugir. Uma hora depois estava a ser detido à porta de casa. A operação terminou pouco depois das 05.00, já junto das Docas e com mais uma detenção. Um jovem que aceitou conduzir porque a amiga tinha bebido, mas que estava sem carta e sem documentos. O motorista "improvisado" foi levado para a esquadra de Santa Marta. Amanhã é ditada a sentença aos detidos. E como dizia um dos chefes mais antigos da divisão: "O dia será das 09.00 às 22.00 no tribunal."
In Diário de Notícias

09 outubro 2007

BURACOS!


Aqui ficam mais dois exemplos de buracos nas calçadas do bairro a pedirem uma intervenção urgente. Muitos outros existem, a maioria de pequenas dimensões, justificando a intervenção de uma equipa de cantoneiros, antes que as chuvas do Inverno ajudem ao aparecimento de verdadeiras crateras.
Das fotos que agora publicamos não podemos deixar de destacar o buraco da Rua das Salgadeiras no encontro com a rua da Atalaia, porque já é uma constante na vida do bairro. Todas as reparações até agora feitas (e têm sido várias) não resistem por muito tempo. A inclinação da rua, a curva apertada e as rodas dos muitos veículos que diáriamente ali passam são um seguro de vida para o buraco dos buracos. Já é tempo de os técnicos pensarem numa solução duradoira.

04 outubro 2007

ACBA EM REUNIÃO

Os órgãos sociais da ACBA reuniram pelas 15 horas do passado dia 2 de Outubro. Estiveram presentes todos os membros da Comissão Admnistrativa e Assembleia Geral (Belino Costa , Vitor Castro, Raul Diniz, João Gonzalez, Maria João Bernardo e Ricardo Pinho ) enquanto o Conselho Fiscal não se fez representar, dado que faltaram todos os seus membros (João Pedro , Rafael Fonseca e Helena Aires).

Depois de debatidos alguns pontos prévios e trocadas informações entrou-se no primeiro ponto da ordem de trabalhos. Foi decidido que a Associação irá, ao longo do corrente mês, desenvolver contactos com a Junta de Freguesia da Encarnação e Câmara Municipal de Lisboa no sentido de sensibilizar tais autoridades para a necessidade de uma intervenção urgente nas calçadas do bairro, onde os múltiplos buracos e pedras soltas têm provocado muitas quedas e são um inadmissível e perigoso sinal de desleixo. Foi igualmente decidido confrontar aquelas duas instituições com a necessidade de se disciplinar a colocação do lixo nas ruas e divulgar devidamente os horários de recolha, assim como os procedimentos mais adequados a seguir por todos.

A violência crescente e a questão dos “dealers” que enxameiam as ruas foi outro dos temas abordados, tendo sido decidido estabelecer contactos com a polícia, dando conta das nossas preocupações e solicitando informações, nomeadamente sobre o “ projecto de vídeo-vigilância”. Foi igualmente decidido solicitar reuniões sobre esta questão junto do Governo Civil e órgãos autárquicos.

Entrou-se depois no segundo ponto da ordem de trabalhos onde se decidiu que os corpos gerentes da ACBA irão desenvolver esforços na captação de novos associados, e lançar novas acções de formação e esclarecimento. Até ao fim do corrente ano irá realizar-se uma sessão de esclarecimento sobre questões fiscais e contabilísticas. Logo que possível será divulgado o mapa de acções que se poderão realizar ao longo do próximo ano.

Deu-se depois início ao debate sobre a necessidade da Associação promover, no decorrer de 2008 (ano em que cumpre 15 anos), uma grande acção de divulgação e promoção do Bairro Alto e de todas as actividades comerciais e culturais que aqui têm lugar. Neste sentido foram distribuídas tarefas, tendo ficado acordada a necessidade de se estabelecer um programa de acção devidamente estruturado até ao próximo mês de Dezembro. E pedir para este a colaboração de todos.

25 setembro 2007

RETOMADAS AS OBRAS DE S. PEDRO DE ALCANTÂRA


Reiniciaram-se ontem, segunda-feira, as obras de recuperação do jardim/miradouro de S. Pedro de Alcântara após largos meses em que este espaço público esteve encerrado, cercado de arames, na sequência de uma decisão do empreiteiro, reagindo assim à falta de pagamento camarário.
“ Espero que se, não for no Natal, no princípio do ano a obra esteja pronta”, declarou à Lusa o vereador José Sá Fernandes.


Os trabalhos agora retomados foram adjudicadas por cerca de 976 mil euros e tiveram início em Novembro de 2005, com um prazo de execução de 360 dias. De adiamento em adiamento, dada a descoberta de muros degradados que houve necessidade de recuperar e consolidar, a obra acabou fechada a cadeado, numa altura em que cerca de 75 por cento da empreitada se encontrava já concluída.
Os dois lagos foram recuperados, assim como o mobiliário urbano, a estatuária e os gradeamentos. Algumas árvores foram substituídas. Falta agora realizar alguns trabalhos a nível de pavimentos, rede de rega e plantações para que a “varanda do Bairro Alto” volte ao convívio do público. É ainda intenção da actual vereação permitir a abertura de um espaço de cafetaria, a ser concessionado a privados.

CML FAZ EMPRÉSTIMO DE 500 MILHÕES


“António Costa apresentou, em conferência de imprensa no dia 24 de Setembro, o Plano de Saneamento Financeiro da autarquia, que será apresentado à Câmara e à Assembleia Municipal, como forma de resolução do passivo global de 1,461 mil milhões de euros, incluindo 348 milhões de euros de dívidas a curto prazo a fornecedores. Na ocasião, a directora municipal de Finanças, Manuela Vitório, que acompanhava o vereador do Pelouro das Finanças, José Cardoso da Silva, apresentou aqueles números referentes ao passivo, demonstrando a impossibilidade de a autarquia poder satisfazer as suas dívidas, com meios próprios, dada a evolução da receita estrutural. Assim, o presidente da Câmara, António Costa, apresentou o presente Plano de Saneamento Financeiro, que prevê o recurso a um empréstimo de 500 milhões de euros, a 12 anos, ao abrigo do artigo 40º da Lei de Finanças Locais, como única solução de resolução do passivo de curto prazo. Segundo este plano, daquele montante do empréstimo, 360 milhões de euros destinam-se a assumir as dívidas para com os fornecedores (348,5 de dívidas confirmadas e 12,5 para outros credores), ficando os restantes 140 milhões de euros em conta corrente para, no prazo de dois anos, se fazer face a provisões e acréscimos de custos que se possam converter em dívida confirmada.
Trata-se de uma operação financeira que encerra em si uma redução significativa de encargos financeiros nos próximos 5 anos, em 63 milhões de Euros, face ao custo da dívida comercial, cujos juros de mora legais se situam, actualmente em 11,03%, enquanto se espera negociar uma taxa de juro, para o presente empréstimo, na ordem dos 5%.Por outro lado, "para que a situação não se repita", o edil lisboeta anunciou uma série de medidas destinadas a conter custos, nomeadamente os custos correntes de funcionamento, para níveis que o crescimento sustentado da receita possa comportar.”

20 setembro 2007

FESTIVAL EXPERIMENTAL NA RUA DOS CAETANOS

Numa iniciativa inédita, as entidades N.I.P., Sonic Scope (associada à label Grain of Sound) e Upgrade unem esforços na programação de um festival que incluirá exposições, debates, workshops e actuações ao vivo que irão decorrer até ao dia 21 no estúdio da Bomba Suicida, na Rua dos Caetanos 26.
Participações de: Manuel Mota , David Maranha, Plan, Nelson Gomes (que tocará harmónio), Carlos Santos, Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, João Silva, José Oliveira, Nuno Moita, Nuno Morão, Frey + Pedro Boavida, Tra$h Converters. (21 de Setembro)
"EDGe" (instalação interactiva): Rudolfo Quintas e Tiago Dionísio.Ivan Franco, "Bugs Fight" Sónia Cillari e Tom Bugs, BOP,Vitor Joaquim + Laetitia Moraes, TokTek + André Gonçalves. (22 de Setembro)
Informação adicional pode ser consultada aqui.

ELEVADOR DA GLÓRIA

Já está de novo em funcionamento o elevador da Glória. O parque de estacionamento dos Restauradores voltou a ser uma alternativa para quem vem ao Bairro Alto.

16 setembro 2007

ELEVADOR DA GLÓRIA RESSUSCITA


“Parado desde 16 de Abril do ano passado por força das obras de reabilitação do túnel ferroviário do Rossio, que passa a poucos metros no subsolo, o centenário ascensor da Glória - que liga a Praça dos Restauradores ao Bairro Alto, em Lisboa - vai voltar a funcionar a partir de terça-feira, dia em que a Carris comemora 135 anos de existência. O elevador retoma a circulação vários meses depois do previsto e de ser sujeito a uma revisão geral, que só devia ter lugar no fim do ano, mas foi antecipada pela empresa.

Ao JN, fonte da Carris garantiu que a empresa já foi ressarcida pela Refer do prejuízo que teve com os 15 meses de paragem forçada do equipamento. "Estava tudo acertado desde o início. Fomos ressarcidos e as contas estão saldadas", disse Luís Vale, secretário-geral da Carris, escusando-se a revelar o valor recebido.Para mais tarde vai ter de ficar o sistema de videovigilância que a empresa quer instalar nos vários ascensores da capital, de forma a dissuadir os frequentes ataques de grafiters. O pedido para instalação das câmaras de videovigilância (que deverão ser ligadas à central de tráfego da empresa) já foi entregue na Comissão Nacional de Protecção de Dados, mas a resposta ainda não chegou, pelo que a empresa teve de adiar a entrada em funcionamento do sistema.A retoma da circulação do ascensor da Glória integra o programa de comemoração dos 135 anos da Carris e será assinalada, pelas 10 horas, com a distribuição de pastéis de nata à população.


Nas instalações da empresa, em Miraflores, vai decorrer o grosso do programa, que será presidido pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, e inclui a entrega de emblemas e diplomas a cerca de 60 trabalhadores. Na ocasião serão apresentados os 15 autocarros adaptados ao transporte de bicicletas que entrarão em funcionamento aos fins de semana e feriados a partir do dia 22, nas carreiras 708 (Martim Moniz-Parque das Nações Norte) e 723 (Desterro-Algés). No mesmo dia começam a funcionar mais duas carreiras equipadas com rampas de acesso a cadeiras de rodas.”

10 setembro 2007

AFINAL HAVIA UM!

Depois de largos meses com as esquinas enxameadas de “dealers” oferecendo as mais variadas drogas aos passantes, interpelando-os com o maior à vontade e despudor;
Depois de largos meses de provocações, por vezes de insultos e até agressões desses “vendedores”, insistindo, quase obrigando à compra de “coca, haxe, ou erva”;
Depois de largos meses de actividade perante os olhos incrédulos do público e do olhar impotente da polícia que confessou em reunião pública nada poder fazer dado que a rapaziada anda por ali a fazer de conta, vendendo coisas parecidas com droga, mas que não o são;
Depois de largos meses de contrafacção pública de estupefacientes, ludibriado e levando ao engano os mais incautos, actividade aparentemente admissível dado a impunidade com que acontece;

Foi preciso chegar Setembro para ficarmos a saber que afinal havia um “dealer” no Bairro Alto. Um! O tal, um dos autênticos e dos verdadeiros! Um “dealer” a sério. O único!
A notícia do Diário Digital/Lusa merece ser transcrita na íntegra, para que todos fiquem, por certo, muito mais descansados!


Lisboa: PSP deteve homem por tráfico de droga no Bairro Alto

A PSP anunciou hoje a detenção de um homem por tráfico de droga no Bairro Alto, em Lisboa, bem como a apreensão de haxixe, liamba, dinheiro e telemóveis.
Segundo um comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa, o homem, de 47 anos, foi detido na madrugada de sexta-feira para sábado passado, após um «minucioso trabalho de pesquisa e investigação» e ficou em prisão preventiva.
A Polícia apreendeu noventa gramas de haxixe, 600 gramas de liamba, 5.200 euros em dinheiro, dinheiro estrangeiro e vários telemóveis.
O suspeito tem antecedentes criminais por tráfico de droga e é residente na zona do Bairro Alto, encontrando-se em situação ilegal no país, adianta a PSP, citando o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. “
Diário Digital / Lusa/ aqui.

18 julho 2007

POSTAL DE VERÃO 2007: COMERCIANTES !


Chegam pelo fim da tarde e espalham-se pelas esquinas. Cumprem horário certo e cobrem cada zona segundo apertado escalonamento. São jovens herdeiros uma longa tradição comercial, parte de uma cadeia formada por múltiplas gerações de dedicados vendedores. Postam-se pelas esquinas do bairro, metodicamente, organizadamente, sempre aos pares. O ar parece descontraído, humilde, por vezes acabrunhado, mas por debaixo desse disfarce há o olhar atento de um comerciante que pesa cada potencial freguês, pondera a possibilidade de fazer negócio, e avança. E luta.
– Coca? Haxe ?
Mostram um rosto comprometido, fingem atrapalhação enquanto se aproximam sibilantes. Na verdade actuam com a ligeireza e a naturalidade de quem vende tremoços. São os falsos mercadores de estupefacientes, mais chatos do que ameaçadores. Mas incomodam muito.

Incomodam os eventuais consumidores porque lhes vendem uma inqualificável porcaria já que, segundo a polícia, “vendem tudo menos droga”, e incomodam os outros com o assédio constante. Ao que nos dizem nada há fazer porque a rapaziada não anda a “vender droga”, limita-se a fazer de conta…

Pode fazer de conta? Pode!

O argumento, confesso após longos dias de introspecção e esforço, até pode fazer sentido. Mas, já que pode, então permitam que a rapaziada monte banca em sítio certo e deixe de andar pelas esquinas perseguindo os incautos visitantes.

Pelo menos que haja ordem no comércio local! Queremos dealers com porta aberta, número de contribuinte e licença camarária. E, já agora, devidamente controlados pela A.S.A.E.

BC

08 julho 2007

FRÁGIL: 25 ANOS EM CD


Com 25 anos, comemorados no passado dia 26 de Junho, o bar Frágil lançou um CD de homenagem à cidade de Lisboa com chancela da Lisboa Records. O álbum reúne doze temas que abordam a Cidade e o Tejo sob diferentes pontos de vista.


«O resultado, surpreendente, revela um disco que funciona como um todo harmónico: das canções pop/rock ao fado/tango, da música eléctrica/electrónica ao acústico e instrumental, dos textos urbanos à poesia forte, Lisboa surge-nos numa visão simultaneamente ardente e serena», escreve Tiago Faden da Lisboa Records a propósito deste importante trabalho, que tem o seguinte alinhamento:
1. Pedro Oliveira + José Sousa – Magnífica Luz
2. Rui Reininho + Armando Teixeira – Estranho Caso do Amante Preguiçoso
3. Rodrigo Leão – Cidade Tejo
4. Danças Ocultas – Primeira Hora
5. A Naifa – Passagem a Limpo
6. Novembro – Solidão a Dois
7. Rogério Samora + Rodrigo Leão + Gabriel Gomes – Poema
8. Paulo Abelho + João Eleutério + Graciano Dias – A Ponte
9. Adriano Filipe – O Recado
10. Maria Ana Bobone + Ricardo Rocha – Com Que Voz
11. The Gift – In Repeat
12. BCN – You Are Welcome to Elsinore

O BAIRRO VISTO DE FORA

O Globe life Travel , publicação do Canadá, publicou um interessante artigo sobre Lisboa (“The Atlantic's version of San Francisco”) onde o grande destaque vai para o Bairro Alto. Paul French, o articulista, destaca como o momento mais memorável a subida para o Bairro Alto no elevador de Santa Justa e aponta como grande “factor de stress” o constante assédio dos “vendedores de droga”.
O artigo pode ser lido aqui.

HELENA ROSETA DEFENDE PROJECTO PILOTO PARA O BAIRRO ALTO


Helena Roseta acompanhada por vários elementos da sua candidatura esteve, na noite do passado sábado, no Bairro Alto. Depois de um encontro com elementos da direcção da ACBA e do presidente do Clube Rio de Janeiro a candidata, que manifestou a sua concordância com muitas das propostas apresentadas pela Associação de Comerciantes, acabou por declarar aos microfones da Antena 1 que o Bairro Alto deveria ser encarado pelo próximo executivo camarário como “ um projecto piloto” e que, em estreita colaboração com moradores, comerciantes e outras forças locais, o município deveria levar a acabo uma estratégia de recuperação e dinamização do bairro.
Depois de passar pela Livraria Ler Devagar e visitar as instalações do Clube Rio de Janeiro a candidata deteve-se junto do edifício municipal Notícias/Capital, acabando a visita junto ao aprisionado jardim de S. Pedro de Alcântara, com vista sobre o amortalhado elevador da Glória, dois emblemas de uma cidade paralisada.

05 julho 2007

HELENA ROSETA VISITA O BAIRRO ALTO

Na sequência das cartas enviadas a várias candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lisboa a direcção da ACBA foi contactada pela candidatura “Cidadãos por Lisboa”, que aceitou o convite para visitar o Bairro Alto a fim de debater os nossos pontos de vista e contactar a realidade local.

O encontro com a candidata Helena Roseta está marcada para as 22 horas do próximo sábado, dia 7, junto aos números 6/10 da Rua da Barroca. Dali seguiremos até ao jardim (prisioneiro) de S. Pedro de Alcântara, com breves paragens junto da Galeria Zé dos Bois/Ler Devagar, Clube Rio de Janeiro, e edifício Notícias /Capital.

Apela-se à participação de todos.

PREVISTA REUNIÃO COM CANDIDATURA DE ANTÓNIO COSTA

Também a candidatura “Unir Lisboa” recebeu as 11 propostas da ACBA com o maior interesse, tendo Ana Sara Brito entrado em contacto com o presidente da ACBA disponibilizando-se para, no início da próxima semana, agendar um reunião com o candidato para uma primeira abordagem às nossas propostas.

ENCONTRO COM O PRESIDENTE DO CLUBE RIO DE JANEIRO


O presidente da ACBA esteve reunido com o presidente do Clube Rio de Janeiro senhor Vítor Silva (na foto). Ambos concordaram na necessidade de as duas associações estabelecerem laços de cooperação, trocarem informações e colaborarem na defesa dos interesses do bairro. Nesse sentido Vítor Silva aceitou o convite para acompanhar a direcção da ACBA nos encontros que se irão realizar com os candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lisboa.

O Clube Rio de Janeiro encontra-se neste momento em obras de restauro, graças a um projecto-piloto envolvendo a Junta de Freguesia e o Governo Civil, passando em breve a dispor de melhores instalações onde irá desenvolver um projecto de ginástica para a terceira idade.
Será uma forma de promover o convívio entre os mais idosos, ajudando-os a fazer algum exercício físico. É uma iniciativa desenvolvida em colaboração do Centro de Saúde da Luz Soriano.

04 julho 2007

CARTA ABERTA AO FUTURO PRESIDENTE DA C.M.L


(Carta enviada aos candidatos à presidência da Camâra Municipal de Lisboa)


Excelência:

Não há roteiro de Lisboa que ignore o Bairro Alto. Em todos eles o bairro surge como um dos cartazes emblemáticos da cidade, o local que não se pode deixar de visitar. Tal importância turística a que, inegavelmente, temos de juntar uma incontestada relevância histórica, cultural e social, será, até aos olhos do cidadão mais imprudente, razão de sobra para que o Bairro seja tratado com desvelo e atenção pelo poder autárquico. Mas não é isso o que tem acontecido. O abandono, o desesperante imobilismo que tomou conta de Lisboa tem no Bairro Alto um exemplo supremo. Triste e degradante.

Suba comigo ao Bairro para uma visita breve, para um passeio esclarecedor. Poderíamos subir utilizando o elevador da Glória. Poderíamos em circunstância normais, mas a normalidade é coisa que há muito parece ter abandonado a cidade e os seus dirigentes. O elevador está parado há anos, sepultado num caixão de madeira ao cimo da colina. Dizem que não pode andar porque afectaria as obras do túnel do Rossio, as tais obras que também não andam apesar da enorme e assolapada paixão que os autarcas lisboetas dedicam a tudo quanto seja galeria subterrânea. Não anda o único túnel que é realmente necessário à cidade e não anda o ascensor da Glória. Não é imobilismo teórico é realidade palpável.

Mas quem, ainda assim, se atrever a subir a íngreme ladeira na esperança de, à chegada, poder repousar do esforço num banco do miradouro de S. Pedro de Alcantâra, sofrerá uma enorme desilusão. A “varanda do Bairro Alto” está fechada há mais de dois anos, envolta por redes de arame que, mesmo não sendo farpado, cortam o acesso e o direito de vistas.
Se já é estranho ver um eléctrico amortalhado em plena via pública mais espantoso ainda é ver um jardim prisioneiro. Pois o jardim de S. Pedro de Alcântara, mesmo sem culpa formada ou decisão de um qualquer juiz está fechado, envolto por grades a mando de um construtor civil que diz só devolver o jardim à cidade quando a cidade pagar o que lhe deve. Será isto fácil de entender? Ou estaremos nós perante uma metáfora sobre o poder dos empreiteiros na cidade de Lisboa. Ou sobre a impotência e irresponsabilidade da edilidade perante obras tão simples quanto o arranjo de um jardim?

Continuemos, vamos percorrer ruas e travessas. Entremos no bairro que, graças ao espírito renascentista de D. Manuel I, foi construído em função de regras objectivas, pelo que os interesses da cidade e da sua organização foram colocados acima dos caprichos ou interesses particulares.
Nem tudo tem piorado. Graças à restrição da circulação automóvel o caos de centenas de viaturas estacionadas sem ordem nem organização, desapareceu. Estão mais ordenados os arruamentos, mas em contrapartida as fachadas dos edifícios são o cúmulo do desleixo Já quase não resta uma parede lisa, sem rabiscos, sem desenhos, sem cartazes com as mais variadas inscrições.

Os grafites, como uma praga, tomaram conta das fachadas, subiram até ao primeiro andar e não poupam cantarias nem azulejos. É a desordem geral.
A mesma que hoje se encontra no comércio nocturno. Porque em tempos idos o autarca, na profunda ignorância do que são as dinâmicas sociais urbanas, acreditou que proibindo a abertura de novos espaços nocturnos resolveria o problema. E em vez de o resolver agravou-o. Porque na prática afastou os investidores, impediu o aparecimento de espaços legais, obedecendo a regras de qualidade, e assim requalificando o próprio bairro. E ao limitar-se a “proibir” criou as condições para o proliferar de pequenos negócios de vão de escada, uns buracos sem o mínimo de condições e até dignidade que, por alguns cêntimos, vendem a cerveja para a rua, cativando um público que tem vindo a transformar as ruas num enorme mictório público.

O escândalo é tão óbvio e tão grande, a impotência camarária é de tal forma total no que diz respeito a impedir a proliferação da ilegalidade, que a solução proposta pela última vereação, mas veemente recusada pelas juntas de freguesia, foi a instalação de mictórios móveis na via pública!

Espantoso, não?!

Enquanto os ilegais proliferam, os negócios mais antigos, com alvará e muita tradição, chegam a ser vítimas de verdadeira perseguição, tal o nível de exigências, tal a desconformidade da prepotência dos serviços que, ignorando a história e a especificidade de algumas casas, exigem encontrar em edifícios com centenas de anos as condições de qualquer construção dos nossos dias. É assim que para os clandestinos se propõe a instalação mictórios móveis na via pública enquanto os legais são obrigados a encerrar portas porque, mesmo tendo duas casas de banho para o público, lhes falta aquela que deveria servir o pessoal.

Estamos pois no domínio da caricatura. Uma enorme, uma desconforme caricatura. As esquinas vão sendo ocupadas por sacos de lixo e tábuas e caixotes e toda a espécie de desperdícios. As esquinas do lixo são apenas mais um eloquente exemplo da falta de respeito e falta de ordem que hoje impera por quase todo o bairro. As mesmas esquinas que, mal chega à noite, são ocupadas por um bando de novos “comerciantes”, uma vez mais clandestinos, que a todos e a qualquer um vão oferecendo coca ou haxixe, com a lábia e o desplante de quem vende tremoços. E não se limitam a incomodar os passantes, chegam a abordar aqueles que, calmamente, jantam nas escassas esplanadas, chegando até, perante respostas negativas, a serem malcriados. E a polícia, que diz já conhecer de ginjeira todos aqueles “comerciantes”, confessa nada poder fazer porque os rapazes, quando levados para a esquadra, mostram que os pacotinhos que transportam em vez de cocaína levam aspirina ou pó de talco, e o dito haxixe não passa de uma massa de origem bem diversa. E que é por assim ser que a malta é deixada à solta pelo bairro, onde noite após noite vai enganando os mais incautos e incomodando os outros… E quanto a isso, ao que parece, nada se pode fazer porque de demissão em demissão chegámos a um estado final de impotência.

Cruzámos os braços.

Este é um breve retrato do Bairro Alto, um breve retrato do estado a que chegou a cidade de Lisboa. E agora, quererá o Futuro Senhor Presidente saber que soluções propõe a Associação de Comerciantes do Bairro Alto que possam conduzir a uma imprescindível mudança. Aqui as deixamos à sua consideração:

11 PROPOSTAS PARA O BAIRRO ALTO

1-Habitação e espaços públicos: Recuperar o parque habitacional e as respectivas fachadas dos edifícios, actualmente repletas de gatafunhos, cartazes, riscos de várias cores que não poupam azulejos nem cantarias e degradam o ambiente. Recuperar as calçadas danificadas e melhorar a iluminação pública. Devolver à cidade, ainda este verão, o jardim de S.Pedro de Alcântara.

2- Higiene: Repensar a organização da recolha dos lixos e acabar de vez com as “esquinas da porcaria” onde comerciantes e moradores deitam sacos de lixo, caixotes vazios e toda a espécie de porcaria, a qualquer hora do dia ou da noite. Retomar a lavagem das ruas.

3- Segurança: Continuar a desenvolver o policiamento de proximidade. Reorganizar o policiamento nocturno, sendo de estudar formas de vídeovigilância, já que a segurança deve ser uma prioridade tendo em conta que o Bairro Alto é o mais importante centro de sociabilização da cidade de Lisboa e um cartaz da cidade e do país.
É decisivo e urgente retirar das ruas os “dealers” e “falsos dealers” que enxameiam o bairro, em especial aos fins-de-semana.

4- Circulação e Estacionamento: Rever o plano de circulação automóvel tendo em conta a necessidade de criar alguns espaços pedonais. É urgente retirar o estacionamento que obstrui a entrada de algumas travessas (ex: Travessa Poço da Cidade para Rua da Misericórdia e Rua da Rosa), e impede a acessibilidade a carros de bombeiros e outros veículos de emergência, dificulta o acesso aos peões e ajuda a isolar o bairro que, pelas suas características de “ilha”, precisa de se abrir aos espaços circundantes, nomeadamente ao eixo Largo Camões/ Chiado.
Continuar a encontrar soluções para o estacionamento dos veículos de moradores e comerciantes já que as actuais são manifestamente caras e insuficientes. A criação de um parque na zona norte (Príncipe Real) deverá ser equacionada.
É urgente a que o elevador da Glória volta a funcionar permitindo assim o recurso ao parque subterrâneo dos Restauradores.

5- Acessibilidade: Rever o comportamento da EMEL cujos funcionários por vezes se comportam como “donos do bairro”, impedindo a entrada a comerciantes e moradores, por exemplo em períodos de renovação dos identificadores. Por outro lado será importante alterar o regulamento já este que não tem em consideração a especificidade de certos negócios, nomeadamente aqueles que dependem da distribuição dos produtos que comercializam.
É importante que o bairro conserve dentro de si pequenas empresas de actividades diversificadas a funcionarem durante o dia. Expulsá-las do bairro por via de um regulamento cego será um erro tremendo.

6- Comércio diurno: Recuperar e incentivar o comércio de proximidade e a restauração diurnas são também prioridades fundamentais. Daí que os espaços pedonais e a instalação de novas esplanadas sejam uma prioridade porque ajudarão a revitalizar a actividade diurna.

7- Comércio nocturno: A actividade nocturna e a dicotomia restaurantes/bares precisa de ser compreendida e estruturada. Basta de soluções fáceis feitas à base da proibições que só têm estimulado o aparecimento de negócios de “vão de escada” que funcionam de forma irregular, enquanto afastam investidores que poderiam trazer ao bairro um comércio de qualidade.
Por outro lado é fundamental que as autoridades compreendam a especificidade de alguns restaurantes e casas de pasto, com largas décadas de existência, aos quais não se podem fazer exigências técnicas e arquitectónicas impossíveis de concretizar. São negócios familiares em edifícios centenários que representam o típico e tradicional, tantas vezes invocado e nem sempre compreendido e apoiado.

8- Largada de turistas: Nos meses de verão são muitos os autocarros que, junto às entradas do bairro, largam turistas que vão jantar às Casas de Fado. É preciso criar condições para que este serviço aconteça com qualidade e dignidade, o que não está a acontecer. É necessário criar um local, devidamente preparado, para a paragem de tais autocarros.

9- Bairro de artistas: É essencial preservar a dimensão artística e cultural do bairro. Será importante estimular a criação de ateliers para jovens artistas, a habitação para jovens, e a instalação no bairro de empresas e associações vocacionadas para as actividades artísticas e culturais. A galeria ZDB ou a livraria Ler Devagar são dois exemplos que devem ser apoiados.
É indispensável que o prometido Centro de Artes a instalar no histórico edifício Notícias/Capital, com salas polivalentes e de diversa utilização, passe de promessa a realidade.

10-Bairro de jornais: É importante que o bairro preserve a memória de dois séculos de actividade jornalística. Talvez as antigas instalações de um jornal possam ser utilizadas para futuro Museu da Imprensa Portuguesa, podendo também servir de sede à Hemeroteca de Lisboa.

11- Requalificação social: O ordenamento e a requalificação das actividades comercias e do espaço público são importantes, mas devem ser desenvolvidas em paralelo com uma política de apoio aos moradores mais idosos, que são em número significativo, nomeadamente no que se refere à mobilidade e apoio à saúde. Também os mais jovens, tantas vezes atirados para a rua, precisam de apoio e de espaços onde possam desenvolver actividades ocupacionais. Neste capítulo o apoio ao Clube Rio de Janeiro não deve ser esquecido dado que, apesar de inúmeras dificuldades, oferece aos jovens a prática de actividades desportivas.

O futuro do Bairro Alto é indissociável do futuro da cidade de Lisboa. O que não será fácil nem simples, mas se no futuro houver coragem, projectos, determinação, espírito reformador então tudo poderá ser diferente. De outra forma continuaremos a trautear o velho refrão do “tudo isto é triste tudo isto é fado” e um destes dias estará o município a criar mais uma comissão, desta feita para a recuperação do Bairro Alto.

Atenciosamente

O Presidente da C.A da Associação de Comerciantes do Bairro Alto


Belino Costa