18 julho 2007

POSTAL DE VERÃO 2007: COMERCIANTES !


Chegam pelo fim da tarde e espalham-se pelas esquinas. Cumprem horário certo e cobrem cada zona segundo apertado escalonamento. São jovens herdeiros uma longa tradição comercial, parte de uma cadeia formada por múltiplas gerações de dedicados vendedores. Postam-se pelas esquinas do bairro, metodicamente, organizadamente, sempre aos pares. O ar parece descontraído, humilde, por vezes acabrunhado, mas por debaixo desse disfarce há o olhar atento de um comerciante que pesa cada potencial freguês, pondera a possibilidade de fazer negócio, e avança. E luta.
– Coca? Haxe ?
Mostram um rosto comprometido, fingem atrapalhação enquanto se aproximam sibilantes. Na verdade actuam com a ligeireza e a naturalidade de quem vende tremoços. São os falsos mercadores de estupefacientes, mais chatos do que ameaçadores. Mas incomodam muito.

Incomodam os eventuais consumidores porque lhes vendem uma inqualificável porcaria já que, segundo a polícia, “vendem tudo menos droga”, e incomodam os outros com o assédio constante. Ao que nos dizem nada há fazer porque a rapaziada não anda a “vender droga”, limita-se a fazer de conta…

Pode fazer de conta? Pode!

O argumento, confesso após longos dias de introspecção e esforço, até pode fazer sentido. Mas, já que pode, então permitam que a rapaziada monte banca em sítio certo e deixe de andar pelas esquinas perseguindo os incautos visitantes.

Pelo menos que haja ordem no comércio local! Queremos dealers com porta aberta, número de contribuinte e licença camarária. E, já agora, devidamente controlados pela A.S.A.E.

BC

1 comentário:

  1. Eu pergunto-me:
    QUE RAIO! Não é burla?
    Prometerem um tipo de produto (lebre) e vender outro (gato)?
    Pagar caro para afinal fumar louro e knorr ou inalar aspirinas, não é um logro? Não é fraude?

    E a ASAE não pode levá-los? Afinal de contas, eles manuseiam os produtos sem luvas, em esquinas rectas, armazenam aquilo sabe-se lá onde, cortam e expõem a falsa substância em cima de uma caixa de electricidade nojenta...não vejo a diferença...esta autoridade não quer proteger o turista?
    Não é também saúde pública?

    Devem achar que o turista não consome.

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