19 novembro 2007

O ESTADO DAS COISAS

Na sua edição do passado fim de semana a revista Tabu, que integra a edição do SOL , publica uma reportagem sobre o Bairro Alto, de que reproduzimos algumas das passagens mais significativas. Sem comentários.



Chegamos cedo e com uma pergunta: são estas ruas estreitas e escuras um sítio perigoso para sair à noite? Um inquérito rápido e informal oferece-nos uma perspectiva interessante. Pegamos numa amostra de cinco entrevistados, à porta da “ginjinha” na Rua das Gáveas. Aplicamos a pergunta: “ Já tiveste algum stress no Bairro?”. A categoria “sim” soma quatro respostas. O único que responde “não”acrescenta um mas. “Mas conheço alguém que…” diz André, técnico informático de 27 anos. Alguém que: a) ficou sem carteira; b) ficou sem telemóvel; c) ficou sem maço de tabaco; d) todas as anteriores. Quem não foi vítima de delitos menores facilmente nos conta relatos na terceira pessoa do singular: “O meu primo ficou sem o telemóvel quando estava a ir para o carro”, completa André. (…) E a Polícia? ”Fazer queixa para quê. Eles vão-se mexer por causa de um telemóvel?” pergunta António,19 anos, de braços abertos e um Nokia novo a menos desde que foi surpreendido por quatro mitras (miúdo de bairro problemático) no final de uma noite. A resignação – intervalada com alguma indignação de última hora – parece ser a melhor atitude a tomar.
Nas primeiras horas da noite é difícil encontrar polícia a patrulhar as ruas do Bairro Alto. (…)

Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente

Quem conhece o Bairro (do mais assíduo ao cliente esporádico) sabe que esquina sim esquina não, há quem insista em sussurrar “haxixe-ganza-coca” como se fosse uma palavra só, num dialecto apenas destinado a ser percebido pelos interessados em comprar. Toda a gente sabe o que fazem e por onde param. São os dealers, os vendedores de droga, os ciganos - rótulo que se vulgarizou com o uso e é hoje mais um problema lexical do que xenofobia, já que nem todos os “comerciantes” partilham da etnia.
Conseguimos ganhar a confiança de um deles depois de garantir anonimato e virar a objectiva da máquina fotográfica 180º. Contou-nos, sem nunca tirara os olhos das quatro ruas que controla, que a sua presença é ali tolerada pela Polícia. Ele e os colegas acumulam à venda outra função: uma espécie de vigilância: “ A gente aqui não deixa que roubem. Era mau para o nosso negócio.” Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente. Conhecem-se os nomes, as caras. Uns e outros cruzam-se, trocam olhares e seguem caminho.

Esta situação de “paz conveniente” não deixa nada satisfeito Belino Costa, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto. Os dealers encabeçam a lista de queixas do dono da loja de bebidas Ulitro, “esses grupos começaram a ocupar as esquinas do bairro e a oferecer produtos ilegais de forma agressiva”. Pior, só mesmo a “impunidade” com que o fazem, tudo porque “a Polícia diz que aquilo que eles vendem não é droga”. Levamos essa suspeita até ao “nosso” dealer que responde com um lacónico “depende”. Se se conseguir a confiança junto de do vendedor então as hipóteses de se fazer um bom negócio aumentam. Garantida a intimidade, fica garantida a qualidade. (…)

É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí


Um hipotético guia de sobrevivência do Bairro Alto aconselharia a alguns cuidados básicos. Se nos mantivermos entre as ruas da Rosa e da Misericórdia, subindo apenas até à Travessa da Queimada, não devemos encontrar problemas de maior: “ É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí”. O conselho informal (não é uma ordem) vem de um dos polícias da patrulha numa noite de sábado. “ Daí para cima é que costuma haver mais confusão”. O Mercado do Bairro Alto é o ponto de referência para os traficantes de esquina. (…) Assaltos acontecem mas é o regresso a casa que regista o maior número de casos. Ruas como a do Alecrim, Calçada do Combro, ou o próprio Chiado podem esconder problemas. “São grupos dos bairros problemáticos que, juntos, podem arranjar chatices. Mas são situações de ocasião.”



Relatos de assaltos no bairro têm em comum quatro factores: a rua escura, pouco movimentada, o adiantado da hora., a presença de grupos vindos de bairros problemáticos de Lisboa e o azar. Não era preciso assistir a um para explicar como funciona. Estávamos avisados, mas por acaso (ou distracção) demos por nós numa dessas situações. Às 3h30 no final da rua das Mercês – quase em cima da Travessa da Queimada – três indivíduos aproximam-se a pedir um cigarro. Depois de ignorados, o pedido aumenta em veemência e quantidade: “Dá-me dois, três, quatro. Dá-me o maço”. A pose era de confronto, mas o porte, (não deviam ter mais de 16 anos) não impunha o respeito suficiente. O mais empenhado acabou mesmo por levar um empurrão e os três seguiram rua abaixo entre ameaças e palavrões. Passou o susto sem quaisquer danos a assinalar, mas recuperamos as palavras do polícia de giro: “São indivíduos que actuam em grupo, às vezes para se afirmar. No meio da confusão podem sacar de uma navalha.”

Luís Miranda
Revista Tabu, ( páginas 42 a 48) jornal” SOL”, edição de 17 de Novembro de 2007

14 novembro 2007

PROFISSÕES


Alfredo Oliveira, quase 60 anos de actividade como cortador, na Rua Diário de Notícias nº 45.

09 novembro 2007

EM COBRANÇA A QUOTA DE 2008

Estiveram reunidos, no passado dia 7, os órgãos sociais da ACBA. Presentes na reunião Vítor Castro, Helena Aires, João Gonzalez e Belino Costa, tendo faltado Raul Diniz, Maria João Bernardo, Ricardo Pinho, João Pedro e Rafael Fonseca.

As questões em volta da insegurança e a preparação da próxima reunião com as forças policiais (a ser convocada pela Junta da Freguesia da Encarnação) foram a temática central do encontro, onde se discutiu também a necessidade de se alterarem alguns pontos dos estatutos da ACBA, nomeadamente no que diz à duração dos mandatos, por se entender que os actuais cinco anos são excessivos, e à criação da figura de "suplente" nos órgão associativos.

Foi ainda decidido colocar desde já à cobrança a quota de 25 Euros referente à anuidade de 2008. Todos os sócios inscritos, assim como aqueles que queiram aderir à associação, poderão desde já regularizar a situação relativa ao próximo ano. O que poderá ser feito nos seguintes estabelecimentos comerciais:

Lena Aires, Rua da Atalaia 96, das 14h00 às 19h00.
Ulitro, Rua da Barroca 116, das 12H00 às 19h00.
Foto Zignio, Rua da Misericórdia 23, das 9h00 às 19h00.

Solicita-se a colaboração de todos. E no acto de pagamento da quota anual não se esqueçam de pedir o respectivo recibo.

06 novembro 2007

EM DEFESA DA VIDEOVIGILÂNCIA

Uma representação da ACBA, constituída por Belino Costa, João Gonzalez e Raul Dinis, esteve ontem reunida com o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação, liderado por Maria Alexandre Figueira. As questões relativas à recolha do lixo e à (in)segurança dominaram a ordem de trabalhos.
Tendo-se verificado existir alguma confusão quanto aos horários da recolha dos lixos concluiu-se que será útil mandar imprimir e divulgar um folheto com os horários de recolha actualmente em vigor. A Associação comprometeu-se a divulgar junto dos comerciantes esses horários, sensibilizando-os ainda para os procedimentos mais adequados à separação do vidro e papel.
As questões envolvendo a insegurança do bairro que semanalmente é visitado por largos milhares de pessoas e a consequente necessidade de um policiamento eficaz estiveram depois em debate, no que houve convergência de pontos de vista, nomeadamente quanto à possibilidade de instalação de um sistema de videovigilância. Neste sentido ACBA e e o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação decidiram juntar esforços, estando prevista uma futura reunião com as autoridades policiais no sentido de se estudar e debater a viabilidade de um sistema de videovigilância, que ajude a tornar o Bairro Alto numa zona mais segura para todos, habitantes, comerciantes e visitantes.
Aqui iremos dando conta da evolução desta e de outras iniciativas.

01 novembro 2007

PELO REGRESSO DO 24


“Numa época em que grande parte das cidades mundiais repensa a utilização de meios de transporte tornando-os amigos do ambiente, e restringe a sobre-utilização de automóveis nos seus centros antigos, achamos que é altura de se discutir, seriamente, a (re)introdução de linhas de eléctrico em Lisboa, não apenas por questões ambientais mas também, conjunturais, dadas as restrições económicas e por as linhas de eléctrico serem bastante menos dispendiosas do que qualquer outra alternativa.

Se se tivesse mantido a rede de eléctricos que existia em Lisboa, modernizando-a em vez de a destruir, muitos dos problemas de poluição, mobilidade, trânsito e saturação das nossas artérias estariam resolvidos. É paradoxal querer agora apostar-se no metro de superfície, etc., quando Lisboa já dispôs de uma rede de eléctricos bastante eficiente e abrangente... há quase 100 anos.”
Começa assim a missiva enviada pelo Fórum Cidadania LX ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e ao Presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, onde se defende a reabertura da Linha 24, troço Carmo -Campolide (1ª fase) e Cais do Sodré -Campolide (2ª fase) e a criação de uma nova linha ligando a Av. Uruguai à Gare do Oriente. Neste sentido está disponível uma petição on-line, que poderá ser subscrita por todos os interessados: 'Lisboa precisa da carreira de eléctrico nº 24. Por favor, reabram-na! '( http://www.gopetition.com/online/14510.html).

Escreve ainda o Fórum Cidadania: “Contamos com o apoio expresso de várias instituições do eixo Cais dos Sodré-Rato, como por ex. Associação dos Comerciantes do Bairro Alto, Liga dos Amigos do Jardim Botânico, e o apoio, a título individual, de Vítor Costa, da Associação de Turismo de Lisboa. Também o Centro Nacional de Cultura manifestou a sua solidariedade.

Na expectativa de uma Lisboa mais moderna, amiga do ambiente e dos cidadãos, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos."

Paulo Ferrero, Hugo de Oliveira, Nuno Santos Silva, André Santos, Nuno Caiado, Fernando Jorge e Nuno Valença