28 junho 2010

I LOVE BAIRRO ALTO


Moradores do Bairro Alto criam site para divulgar espaços comerciais e culturais


por Agência Lusa, Publicado em 25 de Junho de 2010

Dois moradores de um dos mais típicos bairros lisboetas lançam hoje a marca “I Love Bairro Alto”, um projeto que arranca com um site dedicado aos espaços comerciais e culturais e promete animar a capital com novos eventos.

“Estávamos sempre a receber chamadas de amigos, a perguntar por sítios para jantar ou onde é a rua tal”, justificou à Lusa Cláudio Garrudo, um residente com várias ocupações, entre as quais a fotografia, que concebeu a ideia com o vizinho Paulo Taylor, empresário.

“Não havendo nada na ‘web’ que tivesse todo esse tipo de informação sobre o Bairro Alto e a zona envolvente reunida, pensamos em criar um espaço onde os comerciantes pudessem divulgar gratuitamente os seus estabelecimentos”, contou.
Além de uma agenda de eventos, a página da Internet (www.ilovebairroalto.com) inclui hotéis, restaurantes, bares, discotecas, lojas, galerias, jardins, pessoas, festas e informações úteis do Bairro Alto, Bica, Cais do Sodré, Chiado, Príncipe Real e Rato.
O roteiro resulta de um levantamento feito pelos dois moradores, embora em alguns casos tenha sido os comerciantes a enviar informação.
O site, que vai ser apresentado hoje às 22:00 no bar Frágil, já recebeu 20 000 visitas na fase de teste.
Segundo Cláudio Garrudo, a segunda fase da afirmação da marca avança a 23 de setembro, com o primeiro de vários eventos destinados a “marcar a cidade”.
Nesse dia, será inaugurada na Galeria das Salgadeiras a mostra “Bairro das Artes – A Rentrée Cultural da Sétima Colina”, que inclui degustações.

21 junho 2010

CASANOSTRA

Enquanto houver o Casanostra, Lourenço Viegas vê poucas razões para ir jantar a outro lado. É o que distingue um restaurante muito bom do meramente bom.

Ao contrário do que poderia parecer a um incauto que abrisse os jornais, ligasse a televisão ou ouvisse as conversas ao pequeno-almoço na Praça das Flores, os portugueses não descobriram Darwin apenas no primeiro semestre de 2009. Não. Sei de fonte segura que muitos desses intelectuais já tinham ouvido falar de Darwin antes de terem ido duas vezes em Abril à exposição da Gulbenkian. Era o ano de 1999, dava-se a independência de Timor e nas notícias ouvia-se muito falar em Darwin, pois era a cidade australiana com o aeroporto onde se mudava de avião para chegar a Díli.

Voltando ao Darwin, o que importa é que tenho a certeza de que uma das características de desenvolvimento evolutivo das espécies – além da oponibilidade do polegar e da estupefacção pelo sucesso de Mário Cláudio – é a capacidade de distinguir entre um restaurante bom e um restaurante muito bom.

Um restaurante muito bom, como o Casanostra, aponta para um reino da subjectivia, império do critério infalível do onde é que te apetece ir jantar, como pergunta disparada, de surpresa num ambiente neutro desinfectado de desejos e constrangimentos. E onde apetece jantar dentro dos restaurantes bons são os restaurantes muito bons.

O Casanostra nunca falhou nesse teste (e já lá vão mais anos a aplicá-lo do que gostaria), como nunca falhou a surpresa, o choque sempre repetido, o flash dado por aquelas cadeiras pintadas de verde (verde casanostra), por aquelas ventoinhas, as cadeiras na parede, o chão de marmorite.
O Madame Tussauds de um certo Nova Iorque. A ementa, as letras. As azeitonas, a pasta de queijo e de azeitona, nuns godés de vidro. O aparador, as luzes e a cablagem no tecto. A sala com o tamanho ideal. As casas de banho mansardas.

E vario o que lá como, como a conversa à mesa daqueles quase-amigos, sempre igual sempre diferente. A Torta (rotolo) de massa fresca com requeijão (ricotta) e espinafres envolta em papel de alumínio, um morgado gigante, um sabor e uma textura que se vão desenvolvendo, o ácido do pouco molho de tomate a cortar os sabores graves da massa e do requeijão, o sabor metalizado do espinafre. A língua bem temperada. O esparguete fresco alla cruadiola, tomate fresco, alcaparras, ervas e mozzarella, tudo à mistura. O sogno romano, de claras e doce de ovos, em forma de bolo de arroz, doce e salgado, leve e consistente.
E a água mineral italiana, sugerida por uma temperatura feita a janelas e ventoinhas, no limite do calor, a dar sede daquelas águas minerais italianas com e sem gás, e das portuguesas que se vão descobrindo entre as estrangeiras, por serem as que, acusando o calor, melhor se adaptam a ele.

É assim como a obra da Agustina, para quê começar outro livro, para quê ir jantar a outro lado se temos aquilo.

Travessa do Poço da Cidade, 60 (Bairro Alto). 21 342 5931.

14 junho 2010

YGGYROSKA

Uma proposta para as noites quentes de verão:


Yggyroska
3 morangos; 1 colher de sobremesa de açúcar; 5 cl de vodka preta de framboesa; gelo picado

Coloque 5 cl de vodka preta de framboesa (se nunca viu à venda, procure pela marca, Eristoff) num shaker e junte dois morangos. Adicione uma colher de sobremesa de açúcar e gelo picado. Se não sabe como fazê--lo, damos-lhe duas dicas: coloque algumas pedras de gelo numa misturadora ou embrulhe num pano e aproveite para descarregar o stress nas pedras de gelo, batendo com força com a ajuda de um rolo da massa. Agite bem o shaker. Os morangos vão ficar aos pedaços (e às vezes até entopem a palhinha). Para enfeitar ponha um morango inteiro a boiar no copo.

Onde beber: Yggy Bar, Rua da Atalaia, 21, Bairro Alto, Lisboa

07 junho 2010

BERLIN AQUI TÃO PERTO

Luís Filipe Rodrigues ouviu falar de um bar chamado Berlin que, pasme-se, não ficava Cais do Sodré. Foi ao Bairro Alto investigar a ocorrência e apresenta-lhe o relatório. Aliás a sala.

Quando nos falam em bares com nome de cidade pensamos automaticamente no Cais do Sodré. Não há nada a fazer. Do Oslo ao Copenhagen, passando pelo Tokyo e o antigo Texas (hoje, o MusicBox), foi lá que durante anos estiveram os muitos bares com nome de cidade da cidade. Faria por isso todo o sentido que um espaço nocturno chamado Berlin se encontrasse lá. Mas não, fica antes no Bairro Alto, que a tradição já não é o que era.
O nome não lhe diz nada? É compreensível, visto que este Berlin abriu, discretamente, em Fevereiro, a meio da rua do Diário de Notícias. Precisamente entre o início da rua, dominado por estudantes universitários (de todo o país) a residir em Lisboa, e o final, entregue aos estudantes Erasmus (de toda Europa) a viver na capital. Porquê Berlin? Não tem nada a ver com as electrónicas minimais que o bar não passa, é mesmo porque o dono é de lá.

Lars Meschke, o proprietário, veio estudar para Lisboa em 1998. A ideia era ficar por cá uns meses, no âmbito do programa Erasmus, e voltar para Berlim logo a seguir. Não foi isso que se passou. “Vim para Lisboa em 1998, e não quis sair daqui. Depois, em 1999, comecei a trabalhar no Restô do Chapitô e nem cheguei a acabar o curso”, explica. Sairia do restaurante da Costa do Castelo em 2001, para abrir primeiro o Café Taborda, no Teatro Taborda, que entretanto fechou, e mais tarde a Goetheke, o restaurante do Goethe Institut, que continua a explorar.
Onde é que o Berlin entra na história? Lars tomou conta do nº 122 da rua do Diário de Notícias em Dezembro do ano passado, e depois de uma remodelação abriu as portas em Fevereiro. O mais certo é que o número da porta não lhe diga nada, mas talvez se recorde do nome de alguns dos clubes que lá funcionaram. Como o La Folie ou o Limbo, que a meio da década era um afamado poiso de góticos e metaleiros alfacinhas.

De então para cá, porém, muita coisa mudou. A decoração sóbria e minimal, em tons de vermelho, preto e branco, vai ao encontro da ideia que muito boa gente tem dos clubes de Berlim. E se durante muitos anos o espaço funcionou apenas como discoteca, hoje pretende ser um bar dançante. “Como o Bairro Alto tem de fechar mais cedo durante a semana, funcionar apenas como discoteca não era rentável”, justifica o dono. “Tivemos de reinventar um pouco esta casa, puxar pelo conceito de bar. Até porque o espaço é muito grande para o Bairro, e queremos fazer aqui concertos e assim.”
Podem querer fazer concertos, mas de momento a programação gira em torno de DJs. O afrobeat é quem mais ordena, mas há espaço para outros sons e linguagens, incluindo o rock de corte clássico e o burlesco do Wonderland Club, que tem tomado conta da sala uma vez por mês. “E só não temos mais música electrónica porque aqui estamos um bocado limitados”, garante Lars.
Bebidas alemãs é que nem vê-las. Nada de cervejas exóticas, ou coisa que valha: há imperiais e médias, caipirinhas e caipiroskas, vários vodkas e whiskies. Já não é mau.

O Berlin fica na rua do Diário de Notícias, 122.
 Está aberto das 21.00 às 02.00, de domingo a quinta-feira, e até às 04.00,nos fins-de-semana.


http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=5321