07 junho 2010

BERLIN AQUI TÃO PERTO

Luís Filipe Rodrigues ouviu falar de um bar chamado Berlin que, pasme-se, não ficava Cais do Sodré. Foi ao Bairro Alto investigar a ocorrência e apresenta-lhe o relatório. Aliás a sala.

Quando nos falam em bares com nome de cidade pensamos automaticamente no Cais do Sodré. Não há nada a fazer. Do Oslo ao Copenhagen, passando pelo Tokyo e o antigo Texas (hoje, o MusicBox), foi lá que durante anos estiveram os muitos bares com nome de cidade da cidade. Faria por isso todo o sentido que um espaço nocturno chamado Berlin se encontrasse lá. Mas não, fica antes no Bairro Alto, que a tradição já não é o que era.
O nome não lhe diz nada? É compreensível, visto que este Berlin abriu, discretamente, em Fevereiro, a meio da rua do Diário de Notícias. Precisamente entre o início da rua, dominado por estudantes universitários (de todo o país) a residir em Lisboa, e o final, entregue aos estudantes Erasmus (de toda Europa) a viver na capital. Porquê Berlin? Não tem nada a ver com as electrónicas minimais que o bar não passa, é mesmo porque o dono é de lá.

Lars Meschke, o proprietário, veio estudar para Lisboa em 1998. A ideia era ficar por cá uns meses, no âmbito do programa Erasmus, e voltar para Berlim logo a seguir. Não foi isso que se passou. “Vim para Lisboa em 1998, e não quis sair daqui. Depois, em 1999, comecei a trabalhar no Restô do Chapitô e nem cheguei a acabar o curso”, explica. Sairia do restaurante da Costa do Castelo em 2001, para abrir primeiro o Café Taborda, no Teatro Taborda, que entretanto fechou, e mais tarde a Goetheke, o restaurante do Goethe Institut, que continua a explorar.
Onde é que o Berlin entra na história? Lars tomou conta do nº 122 da rua do Diário de Notícias em Dezembro do ano passado, e depois de uma remodelação abriu as portas em Fevereiro. O mais certo é que o número da porta não lhe diga nada, mas talvez se recorde do nome de alguns dos clubes que lá funcionaram. Como o La Folie ou o Limbo, que a meio da década era um afamado poiso de góticos e metaleiros alfacinhas.

De então para cá, porém, muita coisa mudou. A decoração sóbria e minimal, em tons de vermelho, preto e branco, vai ao encontro da ideia que muito boa gente tem dos clubes de Berlim. E se durante muitos anos o espaço funcionou apenas como discoteca, hoje pretende ser um bar dançante. “Como o Bairro Alto tem de fechar mais cedo durante a semana, funcionar apenas como discoteca não era rentável”, justifica o dono. “Tivemos de reinventar um pouco esta casa, puxar pelo conceito de bar. Até porque o espaço é muito grande para o Bairro, e queremos fazer aqui concertos e assim.”
Podem querer fazer concertos, mas de momento a programação gira em torno de DJs. O afrobeat é quem mais ordena, mas há espaço para outros sons e linguagens, incluindo o rock de corte clássico e o burlesco do Wonderland Club, que tem tomado conta da sala uma vez por mês. “E só não temos mais música electrónica porque aqui estamos um bocado limitados”, garante Lars.
Bebidas alemãs é que nem vê-las. Nada de cervejas exóticas, ou coisa que valha: há imperiais e médias, caipirinhas e caipiroskas, vários vodkas e whiskies. Já não é mau.

O Berlin fica na rua do Diário de Notícias, 122.
 Está aberto das 21.00 às 02.00, de domingo a quinta-feira, e até às 04.00,nos fins-de-semana.


http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=5321