Palácio Braamcamp
300 mil euros de obras em cada quarto do hotel
300 mil euros de obras em cada quarto do hotel
por MARINA ALMEIDA
Três concorrentes licitaram ontem o palacete do século XIX. A Alutel ofereceu 2,4 milhões de euros e ganhou. Vai investir 5,5 milhões no futuro hotel de charme e pode vir a tentar comprar outro palacete.
Os representantes das três empresas interessadas na compra do Palácio Braamcamp, no Bairro Alto, em Lisboa, viveram ontem momentos de grande ansiedade na sessão pública para alienação do palacete. Entre eles, José Teixeira, gerente da Alutel que acabou por comprar o edifício dos antigos serviços sociais da autarquia por 2,413 milhões de euros - 500 mil euros acima do valor-base de licitação. A obra em cada quarto deverá custar cerca de 300 mil euros, disse ao DN José Teixeira. "Um quarto de um hotel cinco estrelas não custa tanto!", referiu.
O palacete do século XIX será transformado em hotel de charme pela empresa Alutel. Terá entre 20 e 25 quartos e deverá estar a funcionar dentro de ano e meio, referiu o gerente da empresa que estima investir no palácio 5,5 milhões de euros e não põe de parte a hipótese de concorrer a outro palacete (ver alegações finais).
Concorreram à compra do edifício, com 131 anos de história, três empresas do ramo da hotelaria. Uma comissão nomeada pelo vereador das finanças da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Cardoso da Silva, presidiu ao acto público. Após apresentação do concurso aos presentes, durante cerca de 20 minutos a comissão analisou em privado as propostas e considerou-as admitidas ao concurso.
O valor de licitação mais alto apresentado nas propostas foi de 2,112 milhões de euros. As outras duas empresas licitaram o palacete por 1,885 milhões de euros. Ontem de manhã, foram feitos oito lanços de licitações, no valor de 37.860 euros. Cada lanço era acompanhado pelos olhares atentos dos representantes das empresas de hotelaria interessadas no edifício. O último a levantar a placa foi José Teixeira quando a licitação estava nos 2,413 milhões de euros. Ninguém mais licitou. O palacete foi então adquirido pela empresa Alutel Limitada, especializada no ramo da hotelaria.
José Teixeira sorria enquanto era felicitado pelos representantes das outras empresas. De seguida pagou uma caução de 10% do valor da compra.
Cardoso da Silva mostrou-se bastante agradado com a venda do palácio. "No orçamento temos um conjunto de investimentos que dependem da alienação do património e, portanto, estas vendas permitem que se repavimentem ruas, que se façam novas ruas e que se faça requalificação do espaço público", disse o vereador.
O Palácio Braamcamp foi o primeiro de cinco espaços que a autarquia entendeu alienar para transformar em hotéis de charme: Palácios Machadinho, Benagazil, Pancas Palha e do Visconde do Rio Seco. Um edifício do Largo Rodrigues de Freitas foi retirado deste pacote, a pedido da Assembleia Municipal de Lisboa, que entendeu que este edifício não deveria ir a hasta pública.
O presidente da autarquia lisboeta, António Costa, considerou que a alienação do palácio por mais 25% da base de licitação demonstrou que "há mercado" para hotéis de charme na capital.
Localizado no coração do Bairro Alto, o palácio onde funcionou a escola francesa e viveu Fontes Pereira de Melo, albergou até 2007, durante mais de 40 anos os serviços sociais da CML. Jorge Trigo, historiador, funcionário da câmara e autor do livro "O Palácio Braamcamp e os seus ocupantes" interrogava-se sobre o destino a dar à placa que indica que ali viveu Fontes Pereira de Melo , que está na fachada. José Teixeira respondeu ontem:"será preservada, evidentemente."
Diário de Notícias, 20 de Maio
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1237852