26 maio 2009

DIAS DE MARIA CAXUXA


Todos os dias são dias de Caxuxa


Bruno Horta explica porque é que, de repente, o Maria Caxuxa se tornou o bar mais concorrido do Bairro Alto.

Não é apenas uma opinião. É um facto e toda a gente o pode comprovar. Qualquer que seja o dia da semana, o Maria Caxuxa está sempre composto. E se for sexta ou sábado à noite... passa de composto a estrondosamente cheio. Em três anos e meio de vida, este bar tornou-se um dos mais concorridos do Bairro Alto e sítio de passagem obrigatória para todo o género de pessoas.
Quando se pergunta “porque é que gosta do Maria Caxuxa”, a resposta dos clientes nunca é muito elaborada. Porque é giro, porque tem bom ambiente, porque sim... E quando se pergunta a um dos donos do espaço o porquê do êxito, ficamos quase na mesma: “Não há grandes receitas”, responde.
Talvez não valesse a pena esperar outra coisa. Na cena nocturna, talvez não exista uma razão especial para isto ou para aquilo. As pessoas vão porque gostam de ir e quando vai um português, vão sempre dois ou três.
Ainda assim, insistimos com Paulo Reis, sócio do Maria Caxuxa juntamente com João Gonzalez. Têm os dois 43 anos e há muito tempo que trabalham na noite. Durante vários anos, João dirigiu o Clube da Esquina, outro bar da Rua da Barroca com igual popularidade. E Paulo, que era amigo da casa, passou a ser braço direito da gerência – além de designer gráfico, que era e é a sua profissão principal.
“Quando abrimos o Caxuxa trouxemos alguns clientes do Clube, é certo, mas também soubemos criar o nosso próprio público”, explica Paulo Reis. E que público é esse? De todas as idades e de todos os estilos e tendências, diz. Caras conhecidas não faltam, de gente do teatro, da dança, da música ou da televisão. E que isso também funciona como chamariz, não temos nenhuma dúvida.
O Caxuxa, como é conhecido pelos frequentadores, tem cerca de 100 metros quadrados, o que, não sendo muito, o torna um dos maiores da zona – pois, como se sabe, no Bairro qualquer centímetro de chão com telha dá um bar.
Até Junho de 2005, data da inauguração, funcionava ali uma espécie de tasca com ar pouco recomendável. E antes, ainda, uma fábrica de bolos que fornecia restaurantes da zona – desde 1947, assegura Paulo Reis. Os fornos a lenha e a traça antiga sobreviveram e ainda bem.
Quanto à decoração, admite Paulo Reis, “é incoerente”, com todos os móveis em segunda mão e de estilos muito diferentes. Mas a ideia é mesmo essa. “Sempre quisemos ser uma extensão do próprio Bairro, isto é, ter um ar popular, mas não popularucho”. A música (com DJs ora mais electrónicos, ora mais jazzísticos), as maravilhosas tostas que são servidas até à uma da manhã e a rapidez do serviço (não se fica três quartos de hora à espera que o empregado de balcão se digne olhar para nós) – são outras das razões que explicam o êxito.
Mais: ao contrário de outros bares recentes, o Caxuxa nunca apareceu muito na imprensa. Os donos não dão muitas entrevistas nem apregoam aos sete ventos as festas que de vez em quando organizam.
E isso, ao criar mistério, atrai sempre mais pessoas, pois claro. Não acreditamos que nunca tenha passado para lá. Mas se é esse o imperdoável caso, ainda vai muito a tempo.


Maria Caxuxa. R da Barroca, 6-12. Seg-Sáb, 17h-02h; Dom, 21h-02h.