22 outubro 2008

UMA CARTA À ESPERA DE RESPOSTA


Exmo. Senhor
Dr. António Luís Santos da Costa
Ilustre Presidente da Câmara Municipal de Lisboa



Lisboa, 10 de Outubro de 2008


Assunto: Policiamento Remunerado no Bairro Alto


Exmo. Senhor Presidente,


Os nossos respeitosos cumprimentos.

Ao longo dos últimos meses temos prosseguido o nosso trabalho de promoção do Bairro Alto e das suas gentes. Os cursos de Higiene e Segurança Alimentar que organizámos gratuitamente para os nossos associados foram uma das marcas dessa actividade. Mas, sobretudo, esta ficou especialmente assinalada pela reconfortante experiência de ajudar cerca de uma centena de comerciantes a organizar-se, unindo esforços para implementar no período nocturno (20:00 às 4:00) o policiamento de proximidade remunerado.
Para o fazer houve necessidade de juntar boas vontades e dirimir divergências, mas conseguimos levar a cabo um plano conjunto que é uma concludente prova de unidade.
Hoje existem seis equipas, organizadas numa lógica de rua a rua, que andam porta a porta, mês após mês, a recolher 120 Euros, o valor da contribuição de cada estabelecimento para o policiamento local. Nem todos o farão com gosto, mas a grande maioria contribui com vontade e orgulho, pois sabe que está a ajudar o Bairro Alto a recuperar algum sentido de dignidade e respeito. A descarada traficância com que diariamente tínhamos de conviver humilhava-nos, punha até em causa a nossa auto-estima.

A primeira e mais importante missão das equipas policiais remuneradas foi “incomodar” os múltiplos traficantes a ponto de estes voltarem a assumir uma postura de clandestinidade. Com a ajuda de um telemóvel, por nós fornecido, passou a ser possível contactar com os agentes para comunicar qualquer eventualidade ou pedir ajuda. Com a colaboração de muitos “olheiros”, o cerco aos traficantes foi de tal forma eficaz que, em poucos dias, algo mudou no Bairro Alto. Acabou-se com a infestação de traficantes que se comportavam como “donos” e “senhores” das ruas.
Só no mês de Agosto a iniciativa custou-nos 13.273,89 Euros. Mas valeu a pena!

Eliminou-se uma chaga mas não acabaram os problemas, é pouco provável que eles alguma vez acabem. Faltam outras formas de policiamento e prevenção para que o Bairro Alto tenha um nível de segurança mais adequado. Actualmente, preocupa-nos de sobremaneira o facto de não existir policiamento visível depois das 4 horas, período em que o maior número e mais graves problemas acontecem.
O fim da noite, quando as portas dos bares fecham, é um período essencial ao repouso do bairro e à sua segurança. Mas para isso é essencial que a Polícia venha ordenar o “fecho da noite”, ajudando a esvaziar as ruas e desencorajando o prolongamento de ajuntamentos ou a formação de novos ajuntamentos. Sem essa rotina dificilmente se conseguirá que os moradores tenham sossego, que os trabalhadores deixem de temer o caminho de regresso a casa, que os prédios mantenham a cara lavada.

Foi com esta preocupação que recentemente visitámos o subintendente José de Almeida Custódio (1ª Divisão da PSP), no mesmo local onde temos vindo a pagar o nosso contributo para a paz social. Fomos simpaticamente recebidos, mas quando pedimos a colaboração de alguns agentes não remunerados para o período dos 4 às 6 horas, não tivemos sorte. Apesar de ser um homem de boa vontade, o senhor subintendente admitiu não ter o suficiente número de efectivos para poder satisfazer tal pretensão. Ainda que justa, ainda que oportuna.

É tal o nosso empenho em ajudar a resolver este problema que até já equacionámos a possibilidade de pedir um patrocínio que pudesse financiar o prolongamento de horário dos actuais remunerados. E no meio de múltiplas ideias surgiu a convicção de que nada deveríamos fazer sem voltar a pedir ajuda ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
É esta a terceira vez que nos abeiramos de V. Exa. (a primeira foi em Fevereiro do corrente ano) solicitando o seu interesse e colaboração na resolução dos problemas de ordem e segurança que atingem o nosso bairro. Ontem como hoje consideramos que essa é a questão essencial, pois condiciona todas as outras.
Concluímos fazendo votos de que dê crédito às nossas preocupações e nos ajude a encontrar uma solução de policiamento para o período que aqui designámos por “fecho da noite”. Ou, idealmente, uma solução global que liberte os comerciantes do actual esforço financeiro que, como compreenderá, não se pode eternizar.

Na expectativa de notícias de V. Exa., renovamos os nossos melhores cumprimentos.

O Presidente da Direcção

5 comentários:

  1. Apoio totalmente esta carta, espero que se obtenha resposta e por conseguinte , a tao preciosa ajuda. O pagamento de policiamento por parte dos comerciantes é uma atitude digna de louvar e que demonstra vontade de fazer algo de positivo pelo bairro alto, já que nos ultimos anos se assiste á bandalheira total, muito por culpa da crescente e exagerada abertura de mais e mais bares, uns atras dos outros. Apenas acrescento que esse reforço pedido deverá ser feito a partir das 02h00, ou seja é essencial que a Polícia venha ordenar o “fecho da noite”, ajudando a esvaziar as ruas e desencorajando o prolongamento de ajuntamentos ou a formação de novos ajuntamentos, como tambem para ordenar o encerramento dos bares, que sem licença depois das 02h00, teimam em continuar abertos, nao contribuindo por o "fecho da noite".

    Viva o Bairro Alto com comerciantes e morador em sintonia e harmonia

    ResponderEliminar
  2. APOIADO É ASSIM K SE FALA....

    Viva o Bairro Alto com comerciantes e morador em sintonia e harmonia!

    ResponderEliminar
  3. IN:Jornal de Negócios
    Paulo Pinto Mascarenhas
    Lisboa: salve-se quem puder?

    António Costa bem pode agradecer a ajuda de José Pacheco Pereira. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa vai decerto utilizar na próxima campanha algumas das frases que o comentador social-democrata proferiu no programa de televisão que partilham com António Lobo Xavier.

    1. António Costa bem pode agradecer a ajuda de José Pacheco Pereira. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa vai decerto utilizar na próxima campanha algumas das frases que o comentador social-democrata proferiu no programa de televisão que partilham com António Lobo Xavier. É verdade que, na última edição da "Quadratura do Círculo", Pacheco Pereira repetiu o que sempre afirmou sobre Pedro Santana Lopes. Mas seria interessante, até para a própria cidade, que Pacheco Pereira levasse as suas opiniões até às últimas consequências e se assumisse como possível candidato à Câmara, em vez de lançar diversos nomes alternativos. É certo também que Manuela Ferreira Leite comete um erro estratégico ao aprovar o nome do antigo adversário nas directas para as eleições autárquicas em Lisboa. Isto sobretudo depois do que disse sobre Santana Lopes durante a campanha interna. O novo PSD de Ferreira Leite assumia-se como um partido que se opunha ao dito populismo do "PPD/PSD" do ex-primeiro-ministro. Essa imagem de rigor fica seriamente danificada.

    2. Santana Lopes pode ser um mau candidato do ponto de vista interno do PSD, mas António Costa foi até agora um péssimo presidente da Câmara. Ao contrário do que alguns têm dito e escrito, o social-democrata ganha desde logo na comparação entre as obras concretizadas. Apesar da boa imprensa, Costa não conseguiu apresentar uma ideia concreta para a capital. Desde o empréstimo que era essencial para a cidade – e que não se concretizou – até ao adiado plano da Baixa, a maior parte dos projectos nunca saíram do papel.

    3. Não é só Lisboa que mete água quando chove durante mais de 15 minutos, como aconteceu sábado passado. A promessa de devolver o rio Tejo à cidade, assumida por António Costa, afunda-se em concessões megalómanas do Governo a empresas próximas do Partido Socialista, como é o caso da construção do super-terminal de contentores em Alcântara, a que ninguém do executivo da Câmara se opõe. Enfim, feitas as contas, o que transparece do actual mandato é que António Costa esteve sempre mais preocupado com jogos políticos tendo em vista as eleições de 2009 – desde a aliança com Sá Fernandes à reconciliação com Helena Roseta – do que com a gestão da cidade que seria suposto governar. Salve-se quem puder?

    ResponderEliminar
  4. Resposta ao 1ºcomentador anónimo lá de cima:
    Tenho pena de pessoas como o senhor pois vem aqui com o anonimato denunciar colegas seus de profissão,sim pois são todos os novos bares e novos restaurantes que animam em parte o Bairro Alto!Tenha calmo que tambem chega para si,é muito triste ver como ainda continuamos uma sociedade de "Bufos",de queixinhas,vá lá apertar a mão ao Sr Presidente mas lave-as primeiro e depois bufe todos os bares e restaurantes novos que abriram,que ser humano triste você deve ser!Esvaziar as ruas?Como?Á bastonada depois das 2h da manhã?..Tenha vergonha!
    Os Bares e outros estabelecimentos irão continuar a ser abertos,senão como é que uma pessoa conhecida aqui da nossa praça(Bairro alto) Comprou um prédio ao lado de outro negócio seu e está a programar abrir um bar de luxo,com música ao vivo etc etc...Assim sendo quando este estabelecimento for licenciado Felizes de todos os restantes comerciantes pois verão todos os seus estabelecimentos viabilizados (Pois o Sol quando nasce é para todos),assim esperamos...
    Em muitos comentários aqui e mesmo ao vivo se vê que os comerciantes não são unidos e se realmente esta associação luta por todos deveriamos estar todos nela inscritos,não? A começar por mim...mas há qualquer coisa...não sei explicar...Quem sabe um dia...
    Um bem haja...vivam os comerciantes...vivam os moradores...Viva o Bairro alto! Liberdade para todos podermos trabalhar e viver felizes com harmonia,consenso e Paz!

    ResponderEliminar
  5. É ridiculo andarem a pagar aos policias para vigiarem as ruas. É o Estado quem lhes devia pagar (com o dinheiro que nós, contribuintes já dscontamos). Os proprietários dos bares estão a pagar duplamente por um serviço público, que ainda por cima é mau. Como na minha área a vizinhança também não tem uma grande carteira, não temos polícias.

    ResponderEliminar