19 novembro 2007

O ESTADO DAS COISAS

Na sua edição do passado fim de semana a revista Tabu, que integra a edição do SOL , publica uma reportagem sobre o Bairro Alto, de que reproduzimos algumas das passagens mais significativas. Sem comentários.



Chegamos cedo e com uma pergunta: são estas ruas estreitas e escuras um sítio perigoso para sair à noite? Um inquérito rápido e informal oferece-nos uma perspectiva interessante. Pegamos numa amostra de cinco entrevistados, à porta da “ginjinha” na Rua das Gáveas. Aplicamos a pergunta: “ Já tiveste algum stress no Bairro?”. A categoria “sim” soma quatro respostas. O único que responde “não”acrescenta um mas. “Mas conheço alguém que…” diz André, técnico informático de 27 anos. Alguém que: a) ficou sem carteira; b) ficou sem telemóvel; c) ficou sem maço de tabaco; d) todas as anteriores. Quem não foi vítima de delitos menores facilmente nos conta relatos na terceira pessoa do singular: “O meu primo ficou sem o telemóvel quando estava a ir para o carro”, completa André. (…) E a Polícia? ”Fazer queixa para quê. Eles vão-se mexer por causa de um telemóvel?” pergunta António,19 anos, de braços abertos e um Nokia novo a menos desde que foi surpreendido por quatro mitras (miúdo de bairro problemático) no final de uma noite. A resignação – intervalada com alguma indignação de última hora – parece ser a melhor atitude a tomar.
Nas primeiras horas da noite é difícil encontrar polícia a patrulhar as ruas do Bairro Alto. (…)

Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente

Quem conhece o Bairro (do mais assíduo ao cliente esporádico) sabe que esquina sim esquina não, há quem insista em sussurrar “haxixe-ganza-coca” como se fosse uma palavra só, num dialecto apenas destinado a ser percebido pelos interessados em comprar. Toda a gente sabe o que fazem e por onde param. São os dealers, os vendedores de droga, os ciganos - rótulo que se vulgarizou com o uso e é hoje mais um problema lexical do que xenofobia, já que nem todos os “comerciantes” partilham da etnia.
Conseguimos ganhar a confiança de um deles depois de garantir anonimato e virar a objectiva da máquina fotográfica 180º. Contou-nos, sem nunca tirara os olhos das quatro ruas que controla, que a sua presença é ali tolerada pela Polícia. Ele e os colegas acumulam à venda outra função: uma espécie de vigilância: “ A gente aqui não deixa que roubem. Era mau para o nosso negócio.” Um acordo tácito com a Polícia permite que as forças da lei e vendedores de droga convivam pacificamente. Conhecem-se os nomes, as caras. Uns e outros cruzam-se, trocam olhares e seguem caminho.

Esta situação de “paz conveniente” não deixa nada satisfeito Belino Costa, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto. Os dealers encabeçam a lista de queixas do dono da loja de bebidas Ulitro, “esses grupos começaram a ocupar as esquinas do bairro e a oferecer produtos ilegais de forma agressiva”. Pior, só mesmo a “impunidade” com que o fazem, tudo porque “a Polícia diz que aquilo que eles vendem não é droga”. Levamos essa suspeita até ao “nosso” dealer que responde com um lacónico “depende”. Se se conseguir a confiança junto de do vendedor então as hipóteses de se fazer um bom negócio aumentam. Garantida a intimidade, fica garantida a qualidade. (…)

É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí


Um hipotético guia de sobrevivência do Bairro Alto aconselharia a alguns cuidados básicos. Se nos mantivermos entre as ruas da Rosa e da Misericórdia, subindo apenas até à Travessa da Queimada, não devemos encontrar problemas de maior: “ É subir até à Travessa da Queimada e não passar daí”. O conselho informal (não é uma ordem) vem de um dos polícias da patrulha numa noite de sábado. “ Daí para cima é que costuma haver mais confusão”. O Mercado do Bairro Alto é o ponto de referência para os traficantes de esquina. (…) Assaltos acontecem mas é o regresso a casa que regista o maior número de casos. Ruas como a do Alecrim, Calçada do Combro, ou o próprio Chiado podem esconder problemas. “São grupos dos bairros problemáticos que, juntos, podem arranjar chatices. Mas são situações de ocasião.”



Relatos de assaltos no bairro têm em comum quatro factores: a rua escura, pouco movimentada, o adiantado da hora., a presença de grupos vindos de bairros problemáticos de Lisboa e o azar. Não era preciso assistir a um para explicar como funciona. Estávamos avisados, mas por acaso (ou distracção) demos por nós numa dessas situações. Às 3h30 no final da rua das Mercês – quase em cima da Travessa da Queimada – três indivíduos aproximam-se a pedir um cigarro. Depois de ignorados, o pedido aumenta em veemência e quantidade: “Dá-me dois, três, quatro. Dá-me o maço”. A pose era de confronto, mas o porte, (não deviam ter mais de 16 anos) não impunha o respeito suficiente. O mais empenhado acabou mesmo por levar um empurrão e os três seguiram rua abaixo entre ameaças e palavrões. Passou o susto sem quaisquer danos a assinalar, mas recuperamos as palavras do polícia de giro: “São indivíduos que actuam em grupo, às vezes para se afirmar. No meio da confusão podem sacar de uma navalha.”

Luís Miranda
Revista Tabu, ( páginas 42 a 48) jornal” SOL”, edição de 17 de Novembro de 2007

14 novembro 2007

PROFISSÕES


Alfredo Oliveira, quase 60 anos de actividade como cortador, na Rua Diário de Notícias nº 45.

09 novembro 2007

EM COBRANÇA A QUOTA DE 2008

Estiveram reunidos, no passado dia 7, os órgãos sociais da ACBA. Presentes na reunião Vítor Castro, Helena Aires, João Gonzalez e Belino Costa, tendo faltado Raul Diniz, Maria João Bernardo, Ricardo Pinho, João Pedro e Rafael Fonseca.

As questões em volta da insegurança e a preparação da próxima reunião com as forças policiais (a ser convocada pela Junta da Freguesia da Encarnação) foram a temática central do encontro, onde se discutiu também a necessidade de se alterarem alguns pontos dos estatutos da ACBA, nomeadamente no que diz à duração dos mandatos, por se entender que os actuais cinco anos são excessivos, e à criação da figura de "suplente" nos órgão associativos.

Foi ainda decidido colocar desde já à cobrança a quota de 25 Euros referente à anuidade de 2008. Todos os sócios inscritos, assim como aqueles que queiram aderir à associação, poderão desde já regularizar a situação relativa ao próximo ano. O que poderá ser feito nos seguintes estabelecimentos comerciais:

Lena Aires, Rua da Atalaia 96, das 14h00 às 19h00.
Ulitro, Rua da Barroca 116, das 12H00 às 19h00.
Foto Zignio, Rua da Misericórdia 23, das 9h00 às 19h00.

Solicita-se a colaboração de todos. E no acto de pagamento da quota anual não se esqueçam de pedir o respectivo recibo.

06 novembro 2007

EM DEFESA DA VIDEOVIGILÂNCIA

Uma representação da ACBA, constituída por Belino Costa, João Gonzalez e Raul Dinis, esteve ontem reunida com o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação, liderado por Maria Alexandre Figueira. As questões relativas à recolha do lixo e à (in)segurança dominaram a ordem de trabalhos.
Tendo-se verificado existir alguma confusão quanto aos horários da recolha dos lixos concluiu-se que será útil mandar imprimir e divulgar um folheto com os horários de recolha actualmente em vigor. A Associação comprometeu-se a divulgar junto dos comerciantes esses horários, sensibilizando-os ainda para os procedimentos mais adequados à separação do vidro e papel.
As questões envolvendo a insegurança do bairro que semanalmente é visitado por largos milhares de pessoas e a consequente necessidade de um policiamento eficaz estiveram depois em debate, no que houve convergência de pontos de vista, nomeadamente quanto à possibilidade de instalação de um sistema de videovigilância. Neste sentido ACBA e e o executivo da Junta de Freguesia da Encarnação decidiram juntar esforços, estando prevista uma futura reunião com as autoridades policiais no sentido de se estudar e debater a viabilidade de um sistema de videovigilância, que ajude a tornar o Bairro Alto numa zona mais segura para todos, habitantes, comerciantes e visitantes.
Aqui iremos dando conta da evolução desta e de outras iniciativas.

01 novembro 2007

PELO REGRESSO DO 24


“Numa época em que grande parte das cidades mundiais repensa a utilização de meios de transporte tornando-os amigos do ambiente, e restringe a sobre-utilização de automóveis nos seus centros antigos, achamos que é altura de se discutir, seriamente, a (re)introdução de linhas de eléctrico em Lisboa, não apenas por questões ambientais mas também, conjunturais, dadas as restrições económicas e por as linhas de eléctrico serem bastante menos dispendiosas do que qualquer outra alternativa.

Se se tivesse mantido a rede de eléctricos que existia em Lisboa, modernizando-a em vez de a destruir, muitos dos problemas de poluição, mobilidade, trânsito e saturação das nossas artérias estariam resolvidos. É paradoxal querer agora apostar-se no metro de superfície, etc., quando Lisboa já dispôs de uma rede de eléctricos bastante eficiente e abrangente... há quase 100 anos.”
Começa assim a missiva enviada pelo Fórum Cidadania LX ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e ao Presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, onde se defende a reabertura da Linha 24, troço Carmo -Campolide (1ª fase) e Cais do Sodré -Campolide (2ª fase) e a criação de uma nova linha ligando a Av. Uruguai à Gare do Oriente. Neste sentido está disponível uma petição on-line, que poderá ser subscrita por todos os interessados: 'Lisboa precisa da carreira de eléctrico nº 24. Por favor, reabram-na! '( http://www.gopetition.com/online/14510.html).

Escreve ainda o Fórum Cidadania: “Contamos com o apoio expresso de várias instituições do eixo Cais dos Sodré-Rato, como por ex. Associação dos Comerciantes do Bairro Alto, Liga dos Amigos do Jardim Botânico, e o apoio, a título individual, de Vítor Costa, da Associação de Turismo de Lisboa. Também o Centro Nacional de Cultura manifestou a sua solidariedade.

Na expectativa de uma Lisboa mais moderna, amiga do ambiente e dos cidadãos, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos."

Paulo Ferrero, Hugo de Oliveira, Nuno Santos Silva, André Santos, Nuno Caiado, Fernando Jorge e Nuno Valença

29 outubro 2007

PEDRAS E PEDRADAS


A situação não é nova mas começa a assumir proporções preocupantes. As pedras e os paralelepípedos que se vão soltando das calçadas, ou que vão sobrando dos arranjos (sempre que algum buraco é arranjado sobram pedras que são diligentemente encostadas à parede mais próxima), estão espalhadas um pouco por toda a parte, havendo em algumas esquinas pequenos montes que não param de crescer.
É mais uma contribuição para o desmazelo do bairro, mas que encerra uma componente perigosa. É que pedras e paralelepípedos podem ser utilizadas como armas de arremesso. Por enquanto ainda não se deu qualquer batalha campal, apesar de alguns estabelecimentos já terem visto o seu interior apedrejado por aqueles que, perante o alheamento das autoridades, quase diariamente espalham o terror. A actual situação de violência já é muito grave, mas com tanta pedra espalhada por ruas e travessas pode tornar-se calamitosa.
O alerta aqui fica. Antes que seja tarde!

18 outubro 2007

TRÂNSITO CONDICIONADO: É TEMPO DE AVALIAÇÃO

Um artigo, possivelmente com origem na Lusa já que foi publicado em vários jornais, veio levantar de novo a questão do condicionamento de trânsito no Bairro Alto e outros bairros históricos. Aqui o reproduzimos parcialmente, aproveitando para referir que subscrevemos as palavras da Presidente da Junta da Encarnação. Também esta Associação considera ser fundamental que se faça uma avaliação da medida e se identifiquem os principais problemas.

É fundamental que se renove a oferta de lugares de estacionamento para moradores e comerciantes.
É fundamental que o actual regulamento da EMEL seja revisto em alguns pontos. São muitos os comerciantes com queixas, nomeadamente os que, dada a natureza da sua actividade, utilizam veículos na distribuição dos produtos que comercializam. O levantamento dessas queixas é necessário, para que “uma boa medida” não acabe por liquidar empresas e a dinâmica comercial da zona.
É fundamental acabar com o excesso de burocracia. Exemplo: Para alterar uma matrícula na Via Verde basta uma carta, mas para fazer o mesmo na EMEL já é necessário repetir todo o processo burocrático inicial e apresentar um novo role de fotocópias.
É fundamental que os funcionários que controlam as entradas tenham formação e saibam gerir as situações que se lhes deparam, descendo do pedestal em que, por vezes, se colocam. Exemplo: Familiares de um morador chegam pela manhã de domingo a uma das entradas do bairro. Pelo monitor são informados que o acesso está reservado a moradores. Explicam que estão de visita a familiares, que trazem alguns presentes na bagageira e no banco traseiro uma senhora cansada. Mas nem a rogos conseguem que lhes seja facultada a entrada. Fará isto sentido? Será a letra do regulamento um Dogma?
Muitos são os exemplos e seria bom que os responsáveis da EMEL não fizessem ouvidos moucos. E quem fala em EMEL diz Câmara Municipal de Lisboa, que é quem tem a responsabilidade política, tanto pela medida como pela sua execução.

Condicionamento ao trânsito nos bairros históricos continua a gerar polémica


“O condicionamento do trânsito nos bairros históricos de Lisboa, medida tomada em 2002, continua a gerar contestação por parte de moradores e comerciantes, mas a EMEL pretende manter a iniciativa

Em Dezembro de 2002, o Bairro Alto torna-se a primeira zona histórica, de Lisboa, a ver algumas das suas ruas com trânsito condicionado, seguindo-se os bairros de Alfama (Agosto 2003), as zonas da Bica e de Santa Catarina (Maio de 2004), e a freguesia do Castelo (Setembro de 2006).Cinco anos depois, Maria Figueira, presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, no Bairro Alto, considera que a medida de condicionamento «podia ser mais positiva», e que é «muito urgente fazer uma avaliação da mesma, junto dos moradores e comerciantes».Aponta «dificuldades de comunicação com a EMEL» nos pontos de entrada na freguesia, e exemplifica que se um morador pretender descarregar compras em sua casa, já depois das horas de autorização, o controlador da EMEL não o deixa entrar na área condicionada.Quanto aos lugares de estacionamento, disponíveis para os moradores na Encarnação, cita que «não são suficientes», e adianta que só existem na freguesia lugares para um terço dos moradores.A solução passa, defendem, por uma melhor comunicação entre os moradores e comerciantes do bairro e a EMEL. Dulce Galhardo, 29 anos, é moradora e comerciante na zona da Bica (Bairro Alto), e lamenta «condicionar a sua vida aos horários da EMEL», referindo ainda que a «atribuição de lugares nalguns parques exteriores é feita por sorteio».«Quando fecharam não nos perguntaram nada», frisa Paulo Ribeiro, comerciante de 43 anos na Rua da Atalaia, também no Bairro Alto.Já para António Mestre, 50 anos, igualmente comerciante do bairro, o local «está melhor do que antes», e «o único inconveniente é os carros de apoio ao comércio não poderem entrar depois da hora limite».Vítor Manuel, 53 anos, é lacónico: «É da pior ordinarice que houve». Para este morador e dono de um café, «o comércio está a morrer» no bairro, apontando o dedo à EMEL.
A notícia pode ser lida na íntegra aqui.

14 outubro 2007

FIM-DE-SEMANA ALUCINANTE

Na noite de sexta -feira a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) usou de grande aparato para inspeccionar alguns estabelecimentos do bairro que, no sábado, foi literalmente cercado pela PSP. Ana Mafalda Inácio, no “Diário de Notícias”, descreve a operação policial:

15 detenções e mais de 20 mil euros em coimas.

Madrugada de sábado. Bairro Alto à pinha. Jovens de copo na mão enchiam as ruas. Alguns, já de caminhar torcido, denunciavam os excessos cometidos. A noite corria "fixe", admitiam. A temperatura amena ajudava. E nada fazia esperar um controlo policial, muito menos no bairro. "Não me lembro de haver aqui stops. Eles (polícias) andam a mudar de sítios", diziam. Na rua, três oficiais, cinco chefes e 42 agentes de várias esquadras da Divisão de Trânsito da PSP. Ao todo, 50 homens, 15 veículos ligeiros, 12 motos e uma carrinha transformada em posto móvel, onde estava instalado o Sistema de Contra-Ordenação de Trânsito (SCOT), com o cadastro do condutor. Às 02.00 a operação estava no terreno. Cinco postos controlavam várias saídas do Bairro Alto - Cais do Sodré, Chiado, Príncipe Real, São Mamede e Praça da Alegria/Restauradores. Resultado: 160 viaturas fiscalizadas, 15 detenções, 12 por álcool e três por condução ilegal, seis avisos de apresentação, sete viaturas sem inspecção, duas sem luzes, uma com vidros fumados e uma desobediência (fuga), o que pode dar mais de 20 mil euros em coimas, sem contar com as custas de tribunal. No entanto, e segundo o responsável da operação, subcomissário João Pinheiro, o balanço está longe de recordes de outros tempos (68 detenções em 2003).
"Continua-se a apanhar muito álcool, mas menos pessoas. O ideal seria não apanhar ninguém, por haver consciência dos riscos que se corre", comentou. Dos 160 testes, 114 deram negativos, até 0.50g/l. Os positivos chegaram a atingir 2.02 g/l. Alguns dos valores máximos eram de mulheres (1.80 g/l), o que dá pena de prisão até um ano. Há quem defenda: "Hoje são as melhores clientes" do balão. Não há carro que seja "perdoado". Ana, 20 anos, foi barrada no Cais do Sodré, quando levava a casa uma amiga que fazia 23 anos e se sentia mal disposta. "Nunca tinha sido parada. Bebi quatro copos de vinho, acusou 0.79g/l, mas sinto-me bem. Tenho que pagar 250 euros. Não queria era ficar sem carta". O grupo de amigas reagia: "Olhe, sabe o que isto é? Uma palhaçada. Eu quero um polícia na rua quando sou assaltada e não há. Mas para a caça à multa é vê-los aos montes". O subcomissário Pinheiro sabe ser esta a imagem dos cidadãos, mas acredita que a punição pode servir de emenda.
João, na faixa etária dos 30, não esquece a última noite do B.leza, em Junho. Ia para casa de moto e foi parado na Avenida 24 de Julho. "O teste deu 1.46. Chocou-me saber que era um crime. Sentia-me bem. Não imaginava que o valor fosse elevado. Fui a tribunal, paguei cem euros e cumpri 40 horas semanais de trabalho comunitário. Nunca mais!". Agora, é a namorada que guia. Fez o teste e nada acusou. Na zona do Chiado, havia quem tentasse escapar ao controlo pela Rua Vítor Cordon, mas sem sorte. Na zona, estava um dos postos, duas viaturas e seis agentes, um deles mulher, a quem cabia a função mais pedagógica, verificar inspecções, seguros, coletes, triângulos e cintos dos bancos traseiros. Em minutos, encostaram dois Mercedes e um BMW, conduzidos por gente jovem. Um médico dizia não ter receio do teste, mas acusou 1.24 g/l.Na Rua da Escola Politécnica, a subcomissária Angelina informava que tudo corria dentro da ordem. Até às 03.00, apenas duas detenções e uma infracção por falta de inspecção. Junto dos agentes, Alexandre, 21 anos, pede para fazer o teste. "Bebi e quero saber se estou em condições de conduzir", disse. Alexandre não revelou valores acima dos 0.50, podia seguir. A atitude repetiu-se em vários postos.
No Largo da Misericórdia, onde foi instalado um posto só da esquadra de motos, um dos agentes tentava adivinhar as taxas de condutores que se ofereceram voluntariamente para fazer a triagem. Quase sempre acertou. O ambiente era animado e aliviava a operação. Nem sempre é assim, mas "às vezes, apanha-se gente engraçada", admitiam os agentes. O posto dos Restauradores foi o que teve mais sucesso: cinco detenções, quatro por álcool e uma por condução ilegal. Registou-se aqui a taxa mais elevada. Um jovem com 2.02, que amanhã será presente a tribunal também por desobediência. Após o teste, pediu para ir ao carro buscar fazer uma chamada. Acabou por fugir. Uma hora depois estava a ser detido à porta de casa. A operação terminou pouco depois das 05.00, já junto das Docas e com mais uma detenção. Um jovem que aceitou conduzir porque a amiga tinha bebido, mas que estava sem carta e sem documentos. O motorista "improvisado" foi levado para a esquadra de Santa Marta. Amanhã é ditada a sentença aos detidos. E como dizia um dos chefes mais antigos da divisão: "O dia será das 09.00 às 22.00 no tribunal."
In Diário de Notícias

09 outubro 2007

BURACOS!


Aqui ficam mais dois exemplos de buracos nas calçadas do bairro a pedirem uma intervenção urgente. Muitos outros existem, a maioria de pequenas dimensões, justificando a intervenção de uma equipa de cantoneiros, antes que as chuvas do Inverno ajudem ao aparecimento de verdadeiras crateras.
Das fotos que agora publicamos não podemos deixar de destacar o buraco da Rua das Salgadeiras no encontro com a rua da Atalaia, porque já é uma constante na vida do bairro. Todas as reparações até agora feitas (e têm sido várias) não resistem por muito tempo. A inclinação da rua, a curva apertada e as rodas dos muitos veículos que diáriamente ali passam são um seguro de vida para o buraco dos buracos. Já é tempo de os técnicos pensarem numa solução duradoira.

04 outubro 2007

ACBA EM REUNIÃO

Os órgãos sociais da ACBA reuniram pelas 15 horas do passado dia 2 de Outubro. Estiveram presentes todos os membros da Comissão Admnistrativa e Assembleia Geral (Belino Costa , Vitor Castro, Raul Diniz, João Gonzalez, Maria João Bernardo e Ricardo Pinho ) enquanto o Conselho Fiscal não se fez representar, dado que faltaram todos os seus membros (João Pedro , Rafael Fonseca e Helena Aires).

Depois de debatidos alguns pontos prévios e trocadas informações entrou-se no primeiro ponto da ordem de trabalhos. Foi decidido que a Associação irá, ao longo do corrente mês, desenvolver contactos com a Junta de Freguesia da Encarnação e Câmara Municipal de Lisboa no sentido de sensibilizar tais autoridades para a necessidade de uma intervenção urgente nas calçadas do bairro, onde os múltiplos buracos e pedras soltas têm provocado muitas quedas e são um inadmissível e perigoso sinal de desleixo. Foi igualmente decidido confrontar aquelas duas instituições com a necessidade de se disciplinar a colocação do lixo nas ruas e divulgar devidamente os horários de recolha, assim como os procedimentos mais adequados a seguir por todos.

A violência crescente e a questão dos “dealers” que enxameiam as ruas foi outro dos temas abordados, tendo sido decidido estabelecer contactos com a polícia, dando conta das nossas preocupações e solicitando informações, nomeadamente sobre o “ projecto de vídeo-vigilância”. Foi igualmente decidido solicitar reuniões sobre esta questão junto do Governo Civil e órgãos autárquicos.

Entrou-se depois no segundo ponto da ordem de trabalhos onde se decidiu que os corpos gerentes da ACBA irão desenvolver esforços na captação de novos associados, e lançar novas acções de formação e esclarecimento. Até ao fim do corrente ano irá realizar-se uma sessão de esclarecimento sobre questões fiscais e contabilísticas. Logo que possível será divulgado o mapa de acções que se poderão realizar ao longo do próximo ano.

Deu-se depois início ao debate sobre a necessidade da Associação promover, no decorrer de 2008 (ano em que cumpre 15 anos), uma grande acção de divulgação e promoção do Bairro Alto e de todas as actividades comerciais e culturais que aqui têm lugar. Neste sentido foram distribuídas tarefas, tendo ficado acordada a necessidade de se estabelecer um programa de acção devidamente estruturado até ao próximo mês de Dezembro. E pedir para este a colaboração de todos.

25 setembro 2007

RETOMADAS AS OBRAS DE S. PEDRO DE ALCANTÂRA


Reiniciaram-se ontem, segunda-feira, as obras de recuperação do jardim/miradouro de S. Pedro de Alcântara após largos meses em que este espaço público esteve encerrado, cercado de arames, na sequência de uma decisão do empreiteiro, reagindo assim à falta de pagamento camarário.
“ Espero que se, não for no Natal, no princípio do ano a obra esteja pronta”, declarou à Lusa o vereador José Sá Fernandes.


Os trabalhos agora retomados foram adjudicadas por cerca de 976 mil euros e tiveram início em Novembro de 2005, com um prazo de execução de 360 dias. De adiamento em adiamento, dada a descoberta de muros degradados que houve necessidade de recuperar e consolidar, a obra acabou fechada a cadeado, numa altura em que cerca de 75 por cento da empreitada se encontrava já concluída.
Os dois lagos foram recuperados, assim como o mobiliário urbano, a estatuária e os gradeamentos. Algumas árvores foram substituídas. Falta agora realizar alguns trabalhos a nível de pavimentos, rede de rega e plantações para que a “varanda do Bairro Alto” volte ao convívio do público. É ainda intenção da actual vereação permitir a abertura de um espaço de cafetaria, a ser concessionado a privados.

CML FAZ EMPRÉSTIMO DE 500 MILHÕES


“António Costa apresentou, em conferência de imprensa no dia 24 de Setembro, o Plano de Saneamento Financeiro da autarquia, que será apresentado à Câmara e à Assembleia Municipal, como forma de resolução do passivo global de 1,461 mil milhões de euros, incluindo 348 milhões de euros de dívidas a curto prazo a fornecedores. Na ocasião, a directora municipal de Finanças, Manuela Vitório, que acompanhava o vereador do Pelouro das Finanças, José Cardoso da Silva, apresentou aqueles números referentes ao passivo, demonstrando a impossibilidade de a autarquia poder satisfazer as suas dívidas, com meios próprios, dada a evolução da receita estrutural. Assim, o presidente da Câmara, António Costa, apresentou o presente Plano de Saneamento Financeiro, que prevê o recurso a um empréstimo de 500 milhões de euros, a 12 anos, ao abrigo do artigo 40º da Lei de Finanças Locais, como única solução de resolução do passivo de curto prazo. Segundo este plano, daquele montante do empréstimo, 360 milhões de euros destinam-se a assumir as dívidas para com os fornecedores (348,5 de dívidas confirmadas e 12,5 para outros credores), ficando os restantes 140 milhões de euros em conta corrente para, no prazo de dois anos, se fazer face a provisões e acréscimos de custos que se possam converter em dívida confirmada.
Trata-se de uma operação financeira que encerra em si uma redução significativa de encargos financeiros nos próximos 5 anos, em 63 milhões de Euros, face ao custo da dívida comercial, cujos juros de mora legais se situam, actualmente em 11,03%, enquanto se espera negociar uma taxa de juro, para o presente empréstimo, na ordem dos 5%.Por outro lado, "para que a situação não se repita", o edil lisboeta anunciou uma série de medidas destinadas a conter custos, nomeadamente os custos correntes de funcionamento, para níveis que o crescimento sustentado da receita possa comportar.”

20 setembro 2007

FESTIVAL EXPERIMENTAL NA RUA DOS CAETANOS

Numa iniciativa inédita, as entidades N.I.P., Sonic Scope (associada à label Grain of Sound) e Upgrade unem esforços na programação de um festival que incluirá exposições, debates, workshops e actuações ao vivo que irão decorrer até ao dia 21 no estúdio da Bomba Suicida, na Rua dos Caetanos 26.
Participações de: Manuel Mota , David Maranha, Plan, Nelson Gomes (que tocará harmónio), Carlos Santos, Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, João Silva, José Oliveira, Nuno Moita, Nuno Morão, Frey + Pedro Boavida, Tra$h Converters. (21 de Setembro)
"EDGe" (instalação interactiva): Rudolfo Quintas e Tiago Dionísio.Ivan Franco, "Bugs Fight" Sónia Cillari e Tom Bugs, BOP,Vitor Joaquim + Laetitia Moraes, TokTek + André Gonçalves. (22 de Setembro)
Informação adicional pode ser consultada aqui.

ELEVADOR DA GLÓRIA

Já está de novo em funcionamento o elevador da Glória. O parque de estacionamento dos Restauradores voltou a ser uma alternativa para quem vem ao Bairro Alto.

16 setembro 2007

ELEVADOR DA GLÓRIA RESSUSCITA


“Parado desde 16 de Abril do ano passado por força das obras de reabilitação do túnel ferroviário do Rossio, que passa a poucos metros no subsolo, o centenário ascensor da Glória - que liga a Praça dos Restauradores ao Bairro Alto, em Lisboa - vai voltar a funcionar a partir de terça-feira, dia em que a Carris comemora 135 anos de existência. O elevador retoma a circulação vários meses depois do previsto e de ser sujeito a uma revisão geral, que só devia ter lugar no fim do ano, mas foi antecipada pela empresa.

Ao JN, fonte da Carris garantiu que a empresa já foi ressarcida pela Refer do prejuízo que teve com os 15 meses de paragem forçada do equipamento. "Estava tudo acertado desde o início. Fomos ressarcidos e as contas estão saldadas", disse Luís Vale, secretário-geral da Carris, escusando-se a revelar o valor recebido.Para mais tarde vai ter de ficar o sistema de videovigilância que a empresa quer instalar nos vários ascensores da capital, de forma a dissuadir os frequentes ataques de grafiters. O pedido para instalação das câmaras de videovigilância (que deverão ser ligadas à central de tráfego da empresa) já foi entregue na Comissão Nacional de Protecção de Dados, mas a resposta ainda não chegou, pelo que a empresa teve de adiar a entrada em funcionamento do sistema.A retoma da circulação do ascensor da Glória integra o programa de comemoração dos 135 anos da Carris e será assinalada, pelas 10 horas, com a distribuição de pastéis de nata à população.


Nas instalações da empresa, em Miraflores, vai decorrer o grosso do programa, que será presidido pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, e inclui a entrega de emblemas e diplomas a cerca de 60 trabalhadores. Na ocasião serão apresentados os 15 autocarros adaptados ao transporte de bicicletas que entrarão em funcionamento aos fins de semana e feriados a partir do dia 22, nas carreiras 708 (Martim Moniz-Parque das Nações Norte) e 723 (Desterro-Algés). No mesmo dia começam a funcionar mais duas carreiras equipadas com rampas de acesso a cadeiras de rodas.”

10 setembro 2007

AFINAL HAVIA UM!

Depois de largos meses com as esquinas enxameadas de “dealers” oferecendo as mais variadas drogas aos passantes, interpelando-os com o maior à vontade e despudor;
Depois de largos meses de provocações, por vezes de insultos e até agressões desses “vendedores”, insistindo, quase obrigando à compra de “coca, haxe, ou erva”;
Depois de largos meses de actividade perante os olhos incrédulos do público e do olhar impotente da polícia que confessou em reunião pública nada poder fazer dado que a rapaziada anda por ali a fazer de conta, vendendo coisas parecidas com droga, mas que não o são;
Depois de largos meses de contrafacção pública de estupefacientes, ludibriado e levando ao engano os mais incautos, actividade aparentemente admissível dado a impunidade com que acontece;

Foi preciso chegar Setembro para ficarmos a saber que afinal havia um “dealer” no Bairro Alto. Um! O tal, um dos autênticos e dos verdadeiros! Um “dealer” a sério. O único!
A notícia do Diário Digital/Lusa merece ser transcrita na íntegra, para que todos fiquem, por certo, muito mais descansados!


Lisboa: PSP deteve homem por tráfico de droga no Bairro Alto

A PSP anunciou hoje a detenção de um homem por tráfico de droga no Bairro Alto, em Lisboa, bem como a apreensão de haxixe, liamba, dinheiro e telemóveis.
Segundo um comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa, o homem, de 47 anos, foi detido na madrugada de sexta-feira para sábado passado, após um «minucioso trabalho de pesquisa e investigação» e ficou em prisão preventiva.
A Polícia apreendeu noventa gramas de haxixe, 600 gramas de liamba, 5.200 euros em dinheiro, dinheiro estrangeiro e vários telemóveis.
O suspeito tem antecedentes criminais por tráfico de droga e é residente na zona do Bairro Alto, encontrando-se em situação ilegal no país, adianta a PSP, citando o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. “
Diário Digital / Lusa/ aqui.

18 julho 2007

POSTAL DE VERÃO 2007: COMERCIANTES !


Chegam pelo fim da tarde e espalham-se pelas esquinas. Cumprem horário certo e cobrem cada zona segundo apertado escalonamento. São jovens herdeiros uma longa tradição comercial, parte de uma cadeia formada por múltiplas gerações de dedicados vendedores. Postam-se pelas esquinas do bairro, metodicamente, organizadamente, sempre aos pares. O ar parece descontraído, humilde, por vezes acabrunhado, mas por debaixo desse disfarce há o olhar atento de um comerciante que pesa cada potencial freguês, pondera a possibilidade de fazer negócio, e avança. E luta.
– Coca? Haxe ?
Mostram um rosto comprometido, fingem atrapalhação enquanto se aproximam sibilantes. Na verdade actuam com a ligeireza e a naturalidade de quem vende tremoços. São os falsos mercadores de estupefacientes, mais chatos do que ameaçadores. Mas incomodam muito.

Incomodam os eventuais consumidores porque lhes vendem uma inqualificável porcaria já que, segundo a polícia, “vendem tudo menos droga”, e incomodam os outros com o assédio constante. Ao que nos dizem nada há fazer porque a rapaziada não anda a “vender droga”, limita-se a fazer de conta…

Pode fazer de conta? Pode!

O argumento, confesso após longos dias de introspecção e esforço, até pode fazer sentido. Mas, já que pode, então permitam que a rapaziada monte banca em sítio certo e deixe de andar pelas esquinas perseguindo os incautos visitantes.

Pelo menos que haja ordem no comércio local! Queremos dealers com porta aberta, número de contribuinte e licença camarária. E, já agora, devidamente controlados pela A.S.A.E.

BC