“Quem se
lembrar do Bairro Alto de década de 1980, tentador no cruzamento de pessoas
diferentes, de criatividade artística e musical que começava à noite, ficaria assustado com a presença da
Polícia Municipal a encerrar tudo à meia noite, chegando mesmo a identificar
clientes. No fundo a Polícia Municipal, está a querer fechar o Bairro Alto da
tradição e da criatividade, tornando-o um território de hotéis, condomínios
privados e alguns restaurantes. Onde a iniciativa privada seja impossível. O
plano de pormenor do Bairro Alto agora em discussão torna claro a política que
é hoje hegemónica na CML, liderada por Manuel Salgado e Sá Ferrnandes, sob o
olhar complacente de António Costa. O Bairro Alto é um bairro cultural, desde a
sua renovação na década de 1980. Torná-lo num postal ilustrado, com objectivos
económicos pouco transparentes, em que possa ser uma zona piloto de um novo
conceito de política urbana, é um objectivo evidente. Proibir, utilizar a
Polícia Municipal como meio de pressionar até que o cansaço leve os
comerciantes a desistir, parece ser a nova política para “sossegar” o Bairro
Alto.”
Excerto de
uma crónica de Fernando Sobral, no jornal de Negócios de hoje.