11 agosto 2008

MUSEU DO EFÉMERO

Museu Efémero no Bairro Alto para destacar obras de arte na poluição visual



As paredes do Bairro Alto escondem um museu, efémero. O Movimento Acorda Lisboa (MAL) fez um levantamento das «obras de arte» e destaca na poluição visual os grafittis «que são verdadeiramente artísticos»

«Recolhemos ao todo cerca de 82 peças, e ficaram reunidas no portfolio do museu 33 obras de 33 artistas, nacionais e estrangeiros», contou à Lusa Daniel Oliveira do MAL, para quem não se coloca a questão de se graffitti é ou não arte.

«Grafitti é arte, ponto final. É um meio que acaba por estar profundamente vivo, com diferentes estilos, expressões e artistas, pertencentes a diferentes gerações. Há vários meios de aplicação e diferentes mensagens. No Bairro Alto vemos isso tudo junto. Temos peças de artistas que têm 20 anos e de outros de 50 e mais anos», defendeu.

No site do museu, www.museuefemero.com, está disponível para download um mapa, onde estão sinalizadas todas as obras, bem como um podcast, com explicações sobre as mesmas.

Numa das peças expostas, da Dalaiama, equipa de duas graffiters portuguesas, vemos gaivotas e circunferências estaladas. Daniel Oliveira explica que esta é uma obra «profundamente política».

«As gaivotas da liberdade e os ovos dos quais estala o capitalismo foram pintados à frente de centros comerciais. É uma expressão política de esquerda», esclareceu. O MAL começou por demarcar a zona do Bairro Alto, «que funciona como uma montra pela visibilidade que lhe está associada», mas é possível que o projecto seja ampliado a outras zonas da cidade. Incentivar o vandalismo não é o objectivo do Museu Efémero.

«Não é este projecto que vai incentivar o que quer que seja, a vontade está . O projecto serve mais para destacar a qualidade de certos trabalhos, para que não sejam tapados por tags ou cartazes», afirmou. Mas nem sempre é possível que isso aconteça. Uma das obras do museu, Girl with a teddy (menina com ursinho), do norueguês Dolk, um grafitti pintado em papel e posteriormente colado na parede, desapareceu há uns dias.

«Foi até agora a única baixa». Entre as peças mais antigas do museu está Amália, um stencil sobre papel do francês Jef Aerosol colocado numa parede da Travessa da Queimadacerca de dois anos. A obra, onde se Amália Rodrigues a tocar guitarra portuguesa, está à venda numa galeria de Lyon, em França, e foi espalhada pelo artista em vários locais de Lisboa, além do Bairro Alto.

O facto de Amália ter sobrevivido tanto tempo nas paredes do Bairro é, para Daniel Oliveira, «uma prova de que se distingue a verdadeira arte». O MAL fez o levantamento dos graffittis do Bairro Alto a convite da PAMPERO® FUNDACIÓN, «cujo objectivo é ajudar artistas com poucos recursos, mas criativos, a ganhar voz».

Lusa/SOL

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=105095

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