29 maio 2008

VIDEOVIGILÂNCIA

Videovigilância no Bairro Alto

josé antónio domingues

Gina Pereira

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai avançar com a instalação de câmaras de videovigilância no Bairro Alto como forma de dissuadir comportamentos ilícitos e de identificar eventuais prevaricadores. A decisão foi ontem anunciada por António Costa, durante a reunião pública da autarquia, e insere-se numa megaoperação que a Câmara está a preparar para uma das principais zonas de diversão nocturna da capital e que inclui a limpeza de grafitos das paredes, o reforço do policiamento e da iluminação pública e a revisão dos horários de funcionamento dos estabelecimentos.

"A questão da segurança do Bairro Alto não se resolve com mais polícia", defendeu o presidente da CML, anunciando que a autarquia vai avançar com uma "intervenção global" naquela zona. "É uma actuação que tem várias frentes", disse, explicando que envolve as juntas de freguesia da Encarnação e de Santa Catarina, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, a Polícia Municipal, vários departamentos da autarquia e até o Ministério Público, com quem a CML pretende estabelecer um protocolo tendo em vista uma "rápida, pronta e pedagógica actuação sobre os grafiters".

O objectivo de António Costa é que quem seja apanhado a pixar paredes, seja condenado a uma sanção pedagógica que passa por limpar as paredes grafitadas. Para o efeito, anunciou que a CML vai adquirir o material de remoção e equipamento de protecção para que o possam fazer em segurança.

De acordo com António Costa, em Setembro deverá estar adjudicada uma empreitada de limpeza e pintura de fachadas na Rua do Norte e Travessa da Espera. Contudo, por saber que se trata de uma "batalha de médio/longo prazo" e que requer "muita persistência", a CML quer ter a ajuda dos moradores, a quem tenciona entregar kits de manutenção para que, todas as manhãs, apaguem das paredes os "tags" pintados durante a noite.

Belino Costa, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, aplaude todas estas medidas e garante que muitos comerciantes que fazem esse trabalho de limpeza das paredes. O anúncio de que a CML pretende avançar com um sistema de videovigilância - embora ainda dependente da autorização da Comisssão Nacional de Protecção de Dados e sem locais definidos - vem de encontro aos pedidos da associação, que a encara como uma "excelente notícia".

Por um lado, "permite optimizar os agentes que estão na rua" - têm informação do que está a acontecer e podem deslocar-se e actuar mais rapidamente - e, por outro, acredita que terá um "efeito dissuasor" na criminalidade. Contudo, Belino Costa insiste que o mais importante é que "a polícia tenha instrumentos para poder agir e que a sua acção seja eficaz", explicando que hoje "toda a gente assiste à venda descarada de droga nas ruas do bairro e que a Polícia não pode fazer nada". "Parece que andam a vender flores", diz, apontando este como o principal problema do bairro.

http://jn.sapo.pt/2008/05/29/pais/videovigilancia_bairro_alto.html

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