Tráfico a céu aberto
Cada esquina um território, bolsos cheios de droga e a mão sempre pronta a exibi-la. À confiança. "Haxixe, coca, cavalo?", é a abordagem constante. Olho aberto e pé ligeiro. Quatro, cinco dealers para uma rua e o tráfico tem regras no Bairro Alto, Lisboa. É público que ali se vende droga, há espaço para todos "sem guerra" e nem o enorme reforço policial, duas noites depois de um homicídio, atrapalha. O CM esteve lá na madrugada de ontem e as imagens falam por si.
Duas raparigas nos 15, 16 anos saem do bar e tentam furar de copo nas mãos entre a multidão animada da rua da Atalaia, no centro do bairro, quando o dealer se apressa a oferecer-lhes 'chámon'. Haxixe. Viram a cara a este homem, jovem de barba em forma de pêra e casaco de fato-de-treino cinzento, calças de ganga, para logo esbarrarem no traficante da frente. E este solta um 'querem erva?', embrulhada dentro de sacos de plástico e que mal chega a exibir. Solta um assobio e encosta-se à parede. Deixa passar mais uma das muitas patrulhas das Equipas de Intervenção Rápida da PSP.
'Toda a gente sabe onde estão, quem são e o que guardam nos bolsos. Era revistar e levá-los', lamenta o dono de um bar. Nem o reforço de equipas fardadas da PSP depois de um homicídio por tráfico, nem os elementos da investigação criminal, à civil, pararam o negócio. Feito às claras. E até a reportagem do CM foi aliciada com 'uma quarta'. Cocaína.
(...)
ATENÇÃO AOS AGENTES
Dezenas de elementos da Divisão de Investigação Criminal da PSP, à civil, percorreram na madrugada de ontem o Bairro Alto. Os traficantes nas esquinas, também às dezenas, tiveram o cuidado de não abordar os agentes.
Henrique Machado
In Correio da Manhã
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