por António Mendes Nunes
O jornal "A Bola", desportivo diário e um dos periódicos portugueses de maior tiragem, tem sede, desde 1945, na Travessa da Queimada, ao Bairro Alto.
O prédio tem o número 20 como entrada principal e pouco o diferencia de tantos na zona. É uma construção meio banal, mas ainda se notam pormenores aristocráticos nas cantarias das janelas, por exemplo, pela utilização de materiais do antigo palácio que ali existiu mais de dois séculos.
Era o Palácio Rebelo Palhares, família que o construiu, no século xvii, e o habitou muitos anos. Em meados do século xix começou a ser alugado, no seu conjunto, a outras famílias ilustres e depois de 1872 lá se instalaram diversas empresas, dividindo as salas e demais cómodos.
Entre elas destaque para os jornais com muito boa cotação na época "Diário Ilustrado", que ali funcionou de 1872 a 1910, e "Correio da Europa", publicação mensal fundada pela mesma altura e que terminou a sua atribulada vida já nos anos 20, então muito virada para o mercado brasileiro. Ali trabalharam grandes jornalistas - Carlos José Caldeira (meio-irmão de Casal Ribeiro), Pedro Correia Baptista, Luiz Francisco Leite, Albano Coutinho e Pedro Corrêa.
O ilustrador de maior nomeada foi o gravador espanhol Francisco Pastor, que acumulou funções com as de director artístico das publicações de 1873 até à sua morte, em 1920. Em 1900 o visconde de Almeida Araújo mandou fazer o prédio que hoje podemos ver, aproveitando muitos elementos arquitectónicos e depositando no Museu do Carmo a bela pedra de armas que embelezava a porta principal. Tem muitos genes de imprensa aquele prédio da Travessa da Queimada.
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