Vão ser concertos calmos. Os
mais religiosos dirão até que desta vez os belgas dEUS vêm distribuir a Paz do
Senhor pelos discípulos portugueses que os seguem desde a primeira missa, na
Queima das Fitas de Coimbra de 1995, ou pelo menos desde que, em 1997, vieram
testar as então novas canções de The Ideal Crash em
três concertos míticos, sem hits - um deles na Aula Magna, em que acabaram a
tocar sem amplificação, nas doutorais.
A culpa é
da digressão de que fazem parte os concertos - na sexta-feira, 18 de Dezembro,
em Braga, e no sábado, 19, em Lisboa -, a que a banda chamou Soft Electric Tour
e se anuncia como um espectáculo novo, não acústico mas centrado em temas
suaves e raramente tocados ao vivo - os chamados lados B (de todos os discos,
desde Worst Case Scenario a Vantage Point ou Following Sea), com novos arranjos, ligados à electricidade,
mas em jeito pouco roqueiro.
Claro que
a digressão tinha de passar por Portugal, onde a banda de Antuérpia é fenómeno
de culto, tendo obtido um êxito que não conseguiu em nenhum outro país. O facto
de o guitarrista-vocalista (que é também cineasta) Tom Barman convidar o
público para "aparecer no Bairro Alto" a seguir aos concertos de
Lisboa poderá ter contribuído, bem como a estética algo latina (ecos dos tempos
em que os espanhóis dominaram a Flandres?) que impregna o seu indie-rock ou até
o facto de ele falar português - o que tem mostrado repetidamente em palco, mas
também registou em disco, no seu projecto de electrónica, Magnus.
De prever
é que o público do Theatro Circo e da Aula Magna acolha o novo evangelho com a
devoção habitual.
dEUS - 1.ª
parte: ALDO STRUYF
Theatro
Circo, Braga
6.ª, 18/12,
21h
€18 a €30
Aula Magna,
Lisboa
Sáb., 19/12,
21h
€26 a €35