07 fevereiro 2013

JAZZ CALA-SE NAS CATACUMBAS



Bar fecha portas no Bairro Alto


Nasceu há meio século como Café Malita, passou de pai para filho, nos anos 80 descobriu-se com alma de jazz, celebrizou-se como Catacumbas. Fecha as portas este fim-de-semana.
"Ao longo da vida, todos nós vamos criando sonhos. O meu chamou-se Catacumbas Jazz Bar". É assim que começa o sentido texto escrito pelo proprietário da casa, Manuel Pais - também conhecido pelo nome musical de Catman -, onde é confirmado o encerramento do bar, que fez parte das rotas clássicas do Bairro Alto alfacinha nas últimas décadas, a 3 de Fevereiro.
Assim, as portas do Catacumbas abrem-se para as últimas noites de jazz e blues nesta sexta-feira e sábado à noite, às 23h30. Duas noites especiais com os amigos do Catacumbas. Ao Público, Manuel não quis adiantar grandes pormenores sobre as razões que o levaram ao encerramento do espaço: em resumo, uma mistura de motivos pessoais com "a crise" na noite do Bairro Alto. Mas, como Catman, faz questão de dizer que quer continuar a actuar noutros espaços.
As Catacumbas, nome que oficialmente a casa usa desde 1998, após uma grande remodelação e a ascenção do jazz a mote supremo, tem, na verdade, uma metafórica e algo longa história nocturna.
Como recorda Manuel Pais, o sítio abriu, pelas mãos do seu pai, em 1962, sob a denominação Café Malita. O pai de Catman não terá, decerto, sequer imaginado que "30 anos depois o seu estabelecimento se iria transformar numa das principais casas com jazz ao vivo" de Lisboa. Já nos anos 80, Pais, aos 20 anos, descobre o jazz e começa a introduzi-lo como banda sonora da casa paterna. É assim que surge, "entre os frequentadores, o nome de Catacumbas, o qual acaba por pegar".
A dada altura, lembra, existiam "dois espaços distintos na mesma casa: na entrada um café de bairro com clientela essencialmente composta por moradores da zona, e uma outra área separada da anterior por uma porta de vaivém, dando acesso a duas salas parcamente iluminadas e com música ambiente que, paulatinamente, o jazz foi conquistando".
Quinze anos depois de abrir como Catacumbas, morada por onde passaram muitos músicos ao vivo, "a maior parte estudantes em início de carreira mas também estrangeiros de passagem por Lisboa", o adeus. Fica a "memórias de "quentes noites de jazz e blues".