21 fevereiro 2013
REPRESSÃO E AUTORITARISMO
Esta fotografia tirada no passado dia 9 de Fevereiro quando, pela meia noite, a Polícia Municipal invadiu uma Associação cultural e política, MOB, identificando todos os presentes e expulsando-os do local, é apenas um exemplo da repressão, autoritarismo e ilegalidade que nos asfixia. Desde que vivemos em democracia nunca assistimos a tanta falta de respeito pelos nossos direitos e pela nossa cidadania.
18 fevereiro 2013
Está aberta a guerra entre a Câmara de Lisboa e as associações
Por Clara Silva, publicado em 9 Fev 2013
“No sábado a entrada do Mob esteve à pinha. Nem se podia entrar. A Câmara Municipal de Lisboa mandou fechar as associações culturais à meia-noite. Soubemos disso por uma dúzia de mensageiros reflectores e uma multa de 2500 a 25 mil euros.” A mensagem foi escrita na página de Facebook do Mob, a associação cultural na Travessa da Queimada, no Bairro Alto, e vem acompanhada de uma fotografia em que vários agentes de coletes reflectores bloqueiam a entrada do espaço. Precisamente a essa hora devia começar a actuação de um DJ, que nem chegou a tocar. Toda a gente foi expulsa – há quem diga que de uma forma não muito simpática – e o Mob foi obrigado a fechar portas mais cedo.
Desde então, os membros da associação, que resulta de uma parceria entre a Crew Hassan, um antigo espaço perto do Coliseu, e os Precários Inflexíveis, que se costumavam reunir nesse espaço, ainda não fizeram um comunicado oficial sobre o sucedido. Dizem apenas estar a “preparar a defesa” para conseguir voltar a fechar às 3h da manhã, como acontecia desde a abertura. “Até estar esclarecido o nosso direito a escolhermos um horário que permita manter a associação e as suas actividades, o espaço associativo fecha às 24h (quintas, sextas e sábados)”, escreveram. Acusaram também a câmara de “pouco se importar se associações como a Mob poderão sobreviver no presente cenário”.
É pouco provável. Tal como o Mob, a Associação Fantasma Lusitano, numa rua paralela no Bairro Alto, também não depende de subsídios e as receitas vêm do bar e dos concertos. E tal como o Mob, também tem tido problemas com a polícia, que expulsa toda a gente do espaço à meia-noite “por ordens da câmara”.
FANTASMA LUSITANO Os responsáveis pela associação, Jorge Bruto, vocalista dos Capitão Fantasma, e Tiago Achega, guitarrista e antigo proprietário do Clube Santa Clara, que funcionava no mesmo espaço, compreendem bem a situação. “Até à semana passada só a nós é que nos obrigavam a fechar à meia-noite”, começa Jorge, de óculos escuros. “Quando soubemos do Mob ficámos tipo: ‘A sério?’ Pensávamos que era só com a malta do rock. Ainda por cima temos uma postura completamente apartidária, não percebíamos porque é que nos estavam a chatear. Mas estamos completamente solidários. É muito chato porque não é só com os dois euros da associação [para entrar é preciso ser sócio e pagar dois euros por ano] e meia dúzia de cervejas que mantemos o espaço. Isso vem das bandas que vêm cá tocar.”
Quando a Fantasma Lusitano abriu portas, há pouco mais de dois meses, os concertos de bandas de rock começavam quase todos perto da meia-noite. “Agora tivemos de reagendar os concertos todos para as dez e meia”, diz Tiago. “O que não faz muito sentido porque a essa hora as pessoas ainda estão a jantar.” Os responsáveis pela associação já perderam a conta das vezes que a polícia apareceu para expulsar toda a gente. “É muito chato porque chegam aqui e dizem que as pessoas têm dez minutos para sair e fica tudo sem perceber. As pessoas assustam-se porque vêem um batalhão de agentes com casacos verdes, parece que é uma rusga.”
Tiago Achega garante que os vizinhos nunca se queixaram do barulho e que esse não é o problema. “Nunca tivemos queixas da vizinhança. Grande parte deles são sócios e tudo. Aliás, fizemos obras para garantir a insonorização”, continua. “A ideia da associação é promover concertos e bandas com uma programação regular e não vejo mal nenhum nisso. É um serviço que prestamos. A câmara está a tratar-nos como se fôssemos um bar mas não é o caso. Está a haver um incumprimento da lei, não estão a respeitar o regime associativo. E a própria confederação das colectividades está a preparar um parecer para pedir justificações à câmara a esta espécie de perseguição, que por agora é só a nós e ao Mob.”
FENÓMENO RECENTE Confrontada com a situação, a Câmara Municipal de Lisboa disse ao i estar perante “um fenómeno recente no Bairro Alto de instalação de um conjunto de estabelecimentos que materialmente correspondem a estabelecimentos de bebidas, mas que são explorados por associações, pretendendo assim contornar a proibição de instalação de estabelecimentos de restauração de bebidas”. Assim sendo, “o horário destes estabelecimentos geridos por associações que não têm licença para restauração e/ou bebidas é à meia-noite”.
O i contactou um jurista que aponta vários problemas à decisão da câmara. “Em primeiro lugar, o horário de um estabelecimento é atribuído pelo licenciamento e os bares, cantinas, escolas, empresas e associações estão dispensados de licenciamento, portanto não pode haver imposições de horário”, explica. “É ilegal. Além disso, uma associação só pode ser destituída por vontade dos sócios ou no caso de o seu fim não ser aquele que se propôs e aí a câmara teria de denunciar o caso ao Ministério Público. Depois também está a haver uma violação do princípio de igualdade constitucional, já que há mais duas associações deste género no Bairro Alto, a ZDB e a Loucos e Sonhadores, que não tiveram o mesmo tratamento.”
LOUCOS E SONHADORES Até agora nenhuma destas duas associações recebeu qualquer aviso da câmara. “A mim não me disseram nada, esteve apenas aqui a ASAE há uns meses a fazer uma inspecção”, diz Vítor, o dono da Associação Loucos e Sonhadores. “Estou atónito com isto tudo, nem no tempo do fascismo isso aconteceu. As associações têm autonomia e a menos que alguma coisa esteja ilegal a câmara não pode impor condições.” No entanto, considera também que tem de “haver uma discriminação positiva”. “A câmara tem de ter em conta o comportamento das associações e há quantos anos aqui estão. Nós não caímos do espaço, estamos aqui há quase dez anos e nunca tivemos problemas, não se pode meter tudo dentro da mesma bitola.”
http://www.ionline.pt/boa-vida/esta-aberta-guerra-entre-camara-lisboa-associacoes
07 fevereiro 2013
JAZZ CALA-SE NAS CATACUMBAS
Bar fecha portas no Bairro Alto
"Ao longo da vida, todos nós vamos criando
sonhos. O meu chamou-se Catacumbas Jazz Bar". É assim que começa o sentido
texto escrito pelo proprietário da casa, Manuel Pais - também conhecido
pelo nome musical de Catman -, onde é confirmado o encerramento do bar, que fez
parte das rotas clássicas do Bairro Alto alfacinha nas últimas décadas, a 3 de
Fevereiro.
Assim, as portas do Catacumbas abrem-se para as
últimas noites de jazz e blues nesta sexta-feira e sábado à noite, às 23h30.
Duas noites especiais com os amigos do Catacumbas. Ao Público, Manuel não
quis adiantar grandes pormenores sobre as razões que o levaram ao encerramento
do espaço: em resumo, uma mistura de motivos pessoais com "a crise"
na noite do Bairro Alto. Mas, como Catman, faz questão de dizer que quer
continuar a actuar noutros espaços.
As Catacumbas, nome que oficialmente a casa usa
desde 1998, após uma grande remodelação e a ascenção do jazz a mote supremo,
tem, na verdade, uma metafórica e algo longa história nocturna.
Como recorda Manuel Pais, o sítio abriu, pelas
mãos do seu pai, em 1962, sob a denominação Café Malita. O pai de Catman não
terá, decerto, sequer imaginado que "30 anos depois o seu estabelecimento
se iria transformar numa das principais casas com jazz ao vivo" de Lisboa.
Já nos anos 80, Pais, aos 20 anos, descobre o jazz e começa a introduzi-lo como
banda sonora da casa paterna. É assim que surge, "entre os frequentadores,
o nome de Catacumbas, o qual acaba por pegar".
A dada altura, lembra, existiam "dois
espaços distintos na mesma casa: na entrada um café de bairro com clientela
essencialmente composta por moradores da zona, e uma outra área separada da
anterior por uma porta de vaivém, dando acesso a duas salas parcamente
iluminadas e com música ambiente que, paulatinamente, o jazz foi
conquistando".
Quinze anos depois de abrir como Catacumbas,
morada por onde passaram muitos músicos ao vivo, "a maior parte estudantes
em início de carreira mas também estrangeiros de passagem por Lisboa", o
adeus. Fica a "memórias de "quentes noites de jazz e blues".
01 fevereiro 2013
Nesta farmácia do Bairro Alto, o vinho é o melhor remédio
Por Mara Gonçalves ,
Parou o
labor de uma velha farmácia e nasceu um bar de vinhos lisboeta. Há mais de 200
néctares à escolha, além de muitas outras propostas de petiscos e bebidas. Mas
The Old Pharmacy Wine Inn tem mais na manga: garante uma singular união
luso-indiana.
Durante mais de 170 anos, a Farmácia Labor curou
mazelas, aviou receitas e curativos aos moradores e transeuntes do Bairro Alto,
em Lisboa. Agora os remédios são outros. Depois de três anos encerrado (a Labor
mudou-se para Benfica), o edifício foi transformado em bar de vinhos
portugueses.
Mas o novo proprietário gostou tanto da história da
botica centenária que decidiu prestar-lhe homenagem. O nome do novo bar
remete-nos para a antiga farmácia e, na sala principal, os velhos armários
mantêm-se "o coração do espaço", defende Ajay Diwan, proprietário do
The Old Pharmacy Wine Inn.
No branco original, os móveis continuam a forrar as paredes
de alto a baixo em toda a divisão, com pequenos ornamentos a dourado. Contudo,
nas vitrinas, as caixas de pomadas, xaropes e comprimidos deram lugar a dezenas
de garrafas de vinho, expositor vivo da carta seleccionada pelo escanção Sérgio
Antunes. O licor dos deuses, além de protagonista nas paredes de vinho, inspira
também bancos, mesas e balcões, feitos a partir de pipas antigas; e os centros
das mesas são cobertos de rolhas de cortiça.
Porém, este wine bar está longe de
ser uma típica taberna portuguesa. O aspecto clean vigora em todo o
espaço, com o chão e paredes em tons claros a conferirem luminosidade,
complementados por uma iluminação marcada, nomeadamente nos tons coloridos que
se acendem nos armários farmacêuticos.
Entre os móveis da sala principal e o balcão, são mais
de 200 os vinhos que aqui se podem degustar, copo a copo ou à garrafa, entre
tintos, brancos, rosés, espumantes e licores de todas as regiões do país. A
única regra é serem vinhos portugueses (e porque toda regra tem excepção, há
champanhes de outras paragens).
"Tenho muitas propostas de vinhos da Costa Rica,
Chile, Argentina, Austrália, América, mas digo sempre que não. Eu estou em
Portugal, vou vender só vinhos portugueses", garante o empresário indiano.
Até porque, relembra, "quem entra no Bairro [Alto] vai sobretudo à procura
de coisas portuguesas".
Quanto a recomendações de vinhos, Ajay Diwan diz
sempre sugerir "aqueles de que gosta pessoalmente". É fã dos vinhos
de Setúbal, como o tinto Casa Ermelinda Freitas feito de monocasta Trincadeira,
e dos de Lisboa, nomeadamente Quinta do Pinto. Mas "depois há um rosé do
Algarve muito bom" ou o vinho do Porto Graham"s. "Cada região
tem uma coisa própria. Eu recomendo aqueles que bebo e gosto. Se o senhor não
gostar, não paga", afirma o empresário.
Mas afinal o que leva um indiano a abrir um bar de
vinhos? "Na Índia não bebemos muito vinho, bebemos whiskeys e
outras bebidas", confessa. Mas quando veio para Portugal, em 2004, começou
a provar e gostou "bastante": "É uma bebida saudável, até um
certo limite não prejudica a saúde e tem um sabor agradável." Desde então
ficou "com a ideia na cabeça de que, quando tivesse oportunidade e
encontrasse um bom local, abriria um bar de vinhos". O sonho cumpriu-se e
este Verão nasceu o The Old Pharmacy Wine Inn numa das curvas do Bairro Alto.
É constituído por pequenas salas adjacentes, mas
no fundo o bar divide-se em dois: de um lado uma loja de vinhos, do outro uma
sala de chás e café. "Há pessoas que não gostam deste tipo de ambiente e
por isso criei aquela sala para quem prefira beber chás e bebidas sem
álcool", explica.
Esta segunda ala, com porta independente para a
rua, tem uma decoração de inspiração indiana, onde a maioria das peças expostas
estão para venda. Contudo, o futuro desta sala poderá estar prestes a mudar
para uma decoração "mais virada para os vinhos, mais cosy,
romântica e agradável".
Para breve estará também a inclusão de petiscos
indianos, como chamuças e outros pastéis, na carta de tapas, onde já se pode
escolher entre frutos secos, patés, tábuas de queijo e presunto, entre outros.
E haverá sempre a inclusão de novos vinhos numa carta em constante crescimento.
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Preços: café a 1€; cerveja a 1,90€; água a 1,75€; sumos a 2€; chás a 2,5€; vinho a copo entre 2,20€ e 7,50€; garrafa de vinho desde 8,80€ até 52€; azeitonas a 1,50€; frutos secos a 2,50€; paté a 3,50€; tábuas de queijo a partir de 8€; tábuas de presunto a partir de 3,80€; tábua de presunto, queijo e nozes a 15€.
Preços: café a 1€; cerveja a 1,90€; água a 1,75€; sumos a 2€; chás a 2,5€; vinho a copo entre 2,20€ e 7,50€; garrafa de vinho desde 8,80€ até 52€; azeitonas a 1,50€; frutos secos a 2,50€; paté a 3,50€; tábuas de queijo a partir de 8€; tábuas de presunto a partir de 3,80€; tábua de presunto, queijo e nozes a 15€.
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