06 janeiro 2010

CAFÉ LUSO: SEM ENFADO


SEM ENFADO!!
Postado Por: Praia do Encanto


Lisboa. Dia 2. O show de fado na Casa Luso, no Bairro Alto, foi uma agradável surpresa. Mas há um pulo do gato que pode fazer a diferença dependendo do público. As apresentações são divididas em duas partes. A primeira começa às 20h30 e segue até as 22h. Trata-se de um show misto, com seis cantores de fado (três homens e três mulheres – cada um com dois números), que se alternam com apresentações folclóricas, que lembram nossa quadrilha, com adereços e passos portugueses. Para assistir a essa parte o espectador tem de consumir um mínimo de 25 euros no restaurante, o que não é difícil, pois os preços são mais elevados que os de restaurantes comuns. Uma entrada pode custar 20 euros e um prato principal cerca de 40. Aí está embutido o merecido couvert artístico dos fadistas, músicos e bailarinos. É um show turístico de muito boa qualidade, acompanhado de comida igualmente boa e com a presença de grupos de turistas às vezes barulhentos. Fui com a imagem de Amália Rodrigues ou do Madredeus na cabeça e fui surpreendido por dois homens: Marco Rodrigues, com uma belíssima voz (e jeito de galã) e o gerente do restaurante, Felipe Acácio, que no final sobe ao palco e dá um show ao lado de Marco.
Os músicos também são excelentes. E o grupo de folclore distrai – e dá um toque kitsch à aventura, que se revelou uma descoberta da boa música que é o fado.
O pulo do gato é que depois das 22h30 começa um show mais intimista, fora do palco, no meio das mesas do restaurante.

A essa altura os grupos já se foram – tanto os gregos barulhentos, quanto os japoneses ávidos por cumprimentar os cantores. Nessa parte a consumação mínima cai para 16 euros. A dica é comer pela redondeza (o Bairro Alto é o boêmio da cidade e as ruas ficam lotadas, com muitas mesas nas calçadas) e depois ir beber no Luso, ouvindo a um ótimo fado. Felipe e Marco também cantam nessa segunda parte e autografam CDs das fãs. Há um garçom brasileiro, Cláudio, que também dá boas dicas.
Na saída é gostoso explorar as ruelas do Bairro Alto, com sua agitação – da Travessa da Queimada, onde fica o Luso, até a Praça Luís de Camões há muito o que ver. Os mais jovens e sozinhos vão ser abordados por traficantes bem diretos: quer experimentar cocaína?, perguntam. É só dizer não e seguir em frente. A noite do Bairro Alto, do fado à gastronomia, é bem diversa e descontraída.
Sobrevivi sim e Lisboa tem muito mais a ser explorado.
Ah sim: em meio às festividades juninas (todos os santos do mês ganham festas enormes em Portugal), Lisboa também se abre para a diversidade sexual: amanhã ocorre aqui a Parada Gay de Lisboa… Terá até um arraial GLS programado na Praça do Comércio, com DJs e barraquinhas.

Artur Luiz Andrade