Apesar de o site da C.M.L/EMEL continuar a divulgar o regulamento de acesso ao Bairro Alto que inclui horários de cargas e descargas, na prática tal desapareceu. Foi banido.
Nos últimos dois dias, todos os fornecedores que se apresentaram para entrar no Bairro, dentro do horário de cargas e descargas, foram barrados à entrada e impedidos de entrar.
De acordo com os funcionários de serviço às entradas do Bairro tornou-se obrigatória a compra de um cartão de acesso, por 25 Euros, para que a viatura de qualquer empresa de distribuição, ou outra, tenha acesso ao Bairro Alto.
Porquê? pergunta-se. E não se compreende.
É mais um contributo oficial para a desertificação comercial diurna do Bairro Alto, mais um ataque à liberdade de comerciar e ao comércio de proximidade.
Na verdade o condicionamento do trânsito foi justificado por razões de segurança. O estacionamento caótico impedia a circulação de bombeiros e ambulâncias. A medida teve efeitos muito positivos no ordenamento do trânsito, no estacionamento e na segurança do Bairro. Por outro lado veio prejudicar a actividade comercial diurna, ajudando a isolar o Bairro Alto. Os mais prejudicados tem sido os comerciantes e as empresas que necessitam de distribuir os produtos que comercializam. O grande prejudicado tem sido o Bairro Alto, cada vez mais dependente das actividades nocturnas, enquanto o comércio de próximidade diurno vê as dificuldades redobradas.
Já tinhamos que passar por situações caricatas quando alguns funcionários da EMEL confundiam assistência técnica e situações de emergência, com cargas e descargas.
Por exemplo, se uma empresa vinha substituir o vidro de uma montra partido ou arranjar um qualquer aparelho avariado (arca frigorífica, ar condicionado, etc), seria natural que permitissem a entrada dos técnicos e equipamentos dentro de qualquer horário, mas não era certo, tudo dependia da discricionariedade ou do bom senso do funcionário que estivesse de serviço.
Agora é que não podem mesmo entrar. Precisam de comprar o cartão e pagar portagem.
Passámos a trabalhar num gueto.
O mais espantoso é que não tem existido motivos que justificam tal medida. Antes pelo contrário. Em Novembro/Dezembro o pilarete de entrada na Rua das Gáveas, ao Camões, esteve em baixo, criando-se assim um canal de entrada livre durante o dia. Resultaram daí problemas? Não.
Terminaram os engarrafamentos no Largo Camões, a actividade comercial do Bairro fluiu mais fácilmente e não se verificaram grandes abusos. Provou-se que, durante o dia, quem vem ao Bairro Alto entra, trata do que tem a tratar e vai-se embora.
Fechar o Bairro à sua dinâmica natural é condená-lo à desertificação diurna. É atraiçoar uma longa História. É fazer mal a Lisboa.
A Direcção da Associação de Comerciantes do Bairro Alto.
Lisboa, 21 de Janeiro de 2010.
Nos últimos dois dias, todos os fornecedores que se apresentaram para entrar no Bairro, dentro do horário de cargas e descargas, foram barrados à entrada e impedidos de entrar.
De acordo com os funcionários de serviço às entradas do Bairro tornou-se obrigatória a compra de um cartão de acesso, por 25 Euros, para que a viatura de qualquer empresa de distribuição, ou outra, tenha acesso ao Bairro Alto.
Porquê? pergunta-se. E não se compreende.
É mais um contributo oficial para a desertificação comercial diurna do Bairro Alto, mais um ataque à liberdade de comerciar e ao comércio de proximidade.
Na verdade o condicionamento do trânsito foi justificado por razões de segurança. O estacionamento caótico impedia a circulação de bombeiros e ambulâncias. A medida teve efeitos muito positivos no ordenamento do trânsito, no estacionamento e na segurança do Bairro. Por outro lado veio prejudicar a actividade comercial diurna, ajudando a isolar o Bairro Alto. Os mais prejudicados tem sido os comerciantes e as empresas que necessitam de distribuir os produtos que comercializam. O grande prejudicado tem sido o Bairro Alto, cada vez mais dependente das actividades nocturnas, enquanto o comércio de próximidade diurno vê as dificuldades redobradas.
Já tinhamos que passar por situações caricatas quando alguns funcionários da EMEL confundiam assistência técnica e situações de emergência, com cargas e descargas.
Por exemplo, se uma empresa vinha substituir o vidro de uma montra partido ou arranjar um qualquer aparelho avariado (arca frigorífica, ar condicionado, etc), seria natural que permitissem a entrada dos técnicos e equipamentos dentro de qualquer horário, mas não era certo, tudo dependia da discricionariedade ou do bom senso do funcionário que estivesse de serviço.
Agora é que não podem mesmo entrar. Precisam de comprar o cartão e pagar portagem.
Passámos a trabalhar num gueto.
O mais espantoso é que não tem existido motivos que justificam tal medida. Antes pelo contrário. Em Novembro/Dezembro o pilarete de entrada na Rua das Gáveas, ao Camões, esteve em baixo, criando-se assim um canal de entrada livre durante o dia. Resultaram daí problemas? Não.
Terminaram os engarrafamentos no Largo Camões, a actividade comercial do Bairro fluiu mais fácilmente e não se verificaram grandes abusos. Provou-se que, durante o dia, quem vem ao Bairro Alto entra, trata do que tem a tratar e vai-se embora.
Fechar o Bairro à sua dinâmica natural é condená-lo à desertificação diurna. É atraiçoar uma longa História. É fazer mal a Lisboa.
A Direcção da Associação de Comerciantes do Bairro Alto.
Lisboa, 21 de Janeiro de 2010.