11 março 2009

JN: "AUMENTOU A INSEGURANÇA"

Novo horário leva mais traficantes ao Bairro Alto
Comerciantes e clientela criticam plano para regular 'movida' pela falta de policiamento

NUNO MIGUEL ROPIO

Diminuíram os grafitos mas aumentou a insegurança. Este é o balanço que fazem clientes e comerciantes do Bairro Alto, em Lisboa, pouco mais de três meses sobre o plano para melhorar a qualidade de vida na zona.
Noite de sexta-feira, no Bairro Alto, em Lisboa. A poucos minutos da meia-noite, o parque de estacionamento do Largo Camões está cheio e as ruas preenchidas com automóveis . Os mais teimosos deslocam-se até ao Príncipe Real mas o cenário é semelhante.
"Não há lugares", exclama Joana Baieta, enquanto a amiga tenta enfiar um velho Renault junto a uma loja de conveniência. "Sempre viemos para o bairro tarde. Com estas medidas há que vir mais cedo, senão às 2 horas temos de sair e não aproveitamos nada", queixa-se Manuela, depois de estacionar o veículo.
Aqui e acolá ouve-se igual descontentamento. "Porquê fechar mais cedo se não há aqui discotecas para onde ir depois", explica Pedro Portugal, junto ao Bar 'Kitsh', na Rua da Atalaia. Metros à frente, na Travessa dos Fiéis de Deus, alguns traficantes - seis jovens - importunam a 'movida', oferecendo "hash". Outros tantos estão espalhados por mais ruas, com a mesma atitude.
"Alguns [traficantes] moram cá e há os amigos dos moradores. Quando pagámos, alguns meses, por uma equipa de reforço da polícia era tudo mais calmo e os traficantes não se faziam notar", diz a proprietária de um dos espaços, sob anonimato, traduzindo um receio generalizado dos empresários, desde a aplicação do plano da Câmara de Lisboa, em Novembro. Uma medida que estabeleceu novos horários de funcionamento, devido aos anos de queixas dos moradores, e que previa mais policiamento. Mas enquanto o JN esteve na zona, segurança nem vê-la.
Fonte do Comando Metropolitano da PSP adiantou, ao JN, que "não houve uma alteração significativa do tráfico de estupefacientes na área". "Quando existiram remunerados [pagos pelos comerciantes] o controlo foi maior. Mas, neste momento, há um reforço de segurança, à luz do Programa Integrado do Policiamento de Proximidade", revelou.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Lisboa&Concelho=Lisboa&Option=Interior&content_id=1163761