10 setembro 2008

CAFÉ BAR BA

Longe do típico bar de hotel, o Café Bar BA, dividido por três níveis acolhedores, com diferentes graus de intimidade, é uma opção radical face às movimentações do Bairro Alto que dá nome ao hotel que o acolhe. E, lá no alto, pelo 6.º piso, há o terraço. Ah, o terraço....
Vindos do vórtice Chiado-Bairro Alto, passam-se as portas como quem se transpõe para outra dimensão. Uma atmosfera de tranquila civilidade apela a que nos elevemos, talvez já, até ao bar do terraço do Bairro Alto Hotel, cuja atracção magnética é poderosa. Mas, resistamos, por agora, a essa força que, em Lisboa, nos impele continuamente a ir mais longe e mais alto para mais cidade e rio ver. É que cá por baixo, ao nível da Praça Luís de Camões, vale a pena apreciar os recantos do Café Bar BA. Naturalmente, o bar faz jus ao conceito subjacente a todo o hotel e, tal como este, representa uma evolução radical na história deste edifico em esquina com a rua do Alecrim e a praça do poeta-mor.

Aqui, houve uma Ermida do Alecrim, levada pelo terramoto em 1755, depois fez-se edifício oitocentista, fez-se Hotel L' Europe de clientela ilustre, aportuguesou-se para Europa e poderia ter mudado para Ruína nos anos 80. A elevação do Bairro Alto Hotel mudou o estado de sítio. É agora um charmoso boutique hotel de cinco estrelas, com um estilo português de elegância clássica mesclado com traços cosmopolitas e apontamentos deco, elogiado pelas revistas de referência mundiais. Mas como aqui não viemos dormir nem sequer provar as promessas do restaurante Flores, dediquemo-nos a erguer o copo (é escolhê-lo de uma guarnecida carta de cocktails e etceteras à medidas das cinco estrelas) para celebrar os três anos de vida deste discretamente luxuoso hotelzinho (e o inho aqui é mesmo elogioso: tem apenas 55 quartos e é membro da exclusivíssima cadeia The Leading Small Hotels of the World).

Do espaço de uma velha Pastelaria Parisiense, o hotel erigiu o Café Bar BA, um cocktail bar que se partilha por três níveis, dois térreos e um em mezanino. Todos espaços pequenos e acolhedores, muito para lá do típico bar de hotel e onde, definitivamente, não se acabará a noite ao som de um "Strangers in the night" teclado por um cansado pianista. O mais certo é ser com um DJ a marcar os ritmos ou mesmo um sessão de jazz ao vivo, para além da banda sonora ambiente ao longo do dia. Para conquistar maior independência do hotel, o bar tem entrada directa pela rua do Alecrim (se bem que pelo átrio do hotel é sempre uma entrada mais em grande).

No piso térreo, é a mesa-estrela lacada de preto que enche o espaço e centra as atenções, guardada por um painel de caixas de luz que vai alternando as tonalidades. Descem-se uns degraus e entra-se para um lounge (baptizado de Igloo pelo seu tecto em abóbada e paredes brancas), espaço mais íntimo para descontrair entre almofadões. Sobre tudo isto, um terraço interior, em mezanino, uma extensão do bar que é uma verdadeira sala de estar dominada por madeira escura, onde se dispõem mesas chinesas lacadas e, num espaço mais recolhido, sofás. À disposição, televisão, mini biblioteca, jornais e revistas (e lareira, para o que der e vier).

E, daqui, damos um salto de seis andares, porque lá em cima está um mundo sem fim, abrigado por uma tela de lona que, conforme os ventos, também protege lateralmente. É um terracinho, que enquadra o casario lisboeta q.b. e o rio, aconchegante, reservado, (elitista, sim), sítio para onde gostaríamos de convidar apenas os amigos. Vá lá que o resto dos passageiros sente o mesmo e assim é tudo muito delicado e civilizado. E relax: camas, cadeirões, banda sonora à medida, serviço atencioso e tranquilo. E, por alguma razão, o Dry Martini aqui, certeiro e apurado, é dos que melhor sabe em Lisboa, talvez seja do microclima... Como espaço tão aberto quanto reservado é ideal para as mais diversas opções, sejam em grupo, solitárias ou absolutamente românticas - se for o caso comece logo lá em baixo, no átrio do hotel, a apontar para as amorosas esculturas de ferro de Rui Chafes, conjunto baptizado de "Vejo-me a amar-te". E, vendo bem, é uma declaração de amor que, a partir deste terraço, apetece fazer até à própria Lisboa.


Carta cinco estrelas
Sucessos do serviço de bar, conta-nos o barman Vasco Martins, são a saikirinha (sake + morango), os clássicos mojito ou Cosmopolitan. A (longa) carta de bebidas é composta por uma variedade de cocktails, para além de aqueles que o cliente desejar e que não constem por ali. Em destaque, os cocktails de champanhe: Bellini, Bairro Alto Royal, Kir Royal e Champanhe Cocktail fazem a festa. Há perto de uma dezena de vinhos a copo, além de espumantes e champanhes. De resto, encontra-se por ali um pouco de tudo, de grappa Nonino (?9) a um Porto Vintage, Taylors Quinta das Vargellas 2001 (55€ - 37,5 cl) ou a um whisky Martins 20 anos (22€). Há ainda uma guarnecida ementa de refeições ligeiras, sanduíches, saladas, tapas e sobremesas.

Jazz & DJ
Em Setembro, para a rentrée, o Café BA propõe todas as quartas (em complemento com Noites Gourmet no Restaurante Flores), sessões de jazz com o duo BY2, que cruza até aos blues, soul e pop. Todas as quintas e sextas, há DJ convidados. São noites especiais com 25 por cento de desconto.

Luís J. Santos (PÚBLICO)

http://lazer.publico.clix.pt/artigo.asp?id=210638

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